Dono de uma carreira voltada
para o divertido cinema fantástico bagaceiro, o multifuncional espanhol Paul
Naschy (1934 / 2009) é um dos cultuados nomes do gênero e criador do lobisomem
Waldemar Daninsky, atuando como esse personagem em 13 filmes entre 1968 e 2004.
O oitavo da série recebeu vários nomes diferentes, desde o original espanhol
“La Maldición de la Bestia” até alguns títulos ingleses como o estranho “The
Werewolf vs. the Yeti” e o sonoro “Night of the Howling Beast”. Dirigido por
Miguel Iglesias (creditado como M. I. Bonns) em 1975, o roteiro também é de
Paul Naschy (creditado como Jacinto Molina), numa mistura com vários clichês do
gênero, abordando licantropia, vampirismo, canibalismo e até o folclórico “Yeti”,
mais conhecido na cultura pop como o “abominável homem das neves”.
O aventureiro Waldemar
Daninsky (Paul Naschy) se encontra com o Prof. Lacombe (Josep Castillo
Escalona) e sua bela filha Sylvia (Mercedes Molina, creditada como Grace
Mills), para formar uma expedição científica nas montanhas do Himalaia, Tibet,
para tentar localizar o lendário homem das neves, também conhecido como “Yeti”.
Faz parte também do grupo, entre outros, o jovem Larry Talbot (Gil Vidal).
Daninsky encontra uma misteriosa caverna nas montanhas geladas, com um antigo santuário
budista em seu interior, protegida por duas belas guardiãs que se revelam vampiras
demoníacas e canibais.
Elas aprisionam Daninsky
como escravo sexual e através de uma mordida ele é transformado em lobisomem
nas noites de lua cheia. Após conseguir escapar do cativeiro, ele ainda tem que
enfrentar um tirano sádico, Sekkar Khan (Luis Induni), que lidera um grupo de
bandidos violentos, juntamente com a perversa feiticeira Wandesa (Silvia Solar),
e que seqüestraram os membros da expedição científica do Prof. Lacombe. Seu
objetivo agora é lutar para salvar a bela Sylvia das garras do vilão, mas seus
problemas se intensificam ainda mais ao cruzar o caminho do “Yeti” e
confrontá-lo numa luta mortal.
Os efeitos de trucagem na
transformação de Daninsky em lobisomem são muito interessantes, e a maquiagem
tosca tanto do lobisomem quanto do “Yeti” são bem divertidas, analisando dentro
do contexto do cinema bagaceiro de horror. O filme tem muitas mortes
sangrentas, apesar de pouco gráficas. E um destaque certamente é uma cena de
tortura de uma mulher que tem parte da pele das costas arrancada brutalmente
para servir de tentativa de alívio num tratamento alternativo das terríveis
dores causadas por feridas nas costas do vilão Sekkar Khan.
Curiosamente, o nome do
personagem Larry Talbot é o mesmo do filme “O Lobisomem” (The Wolfman, 1941),
da produtora americana “Universal”, com Lon Chaney Jr. interpretando o papel do
homem que se transformaria em lobisomem.
A opção de enfatizarem a
criatura mítica “Yeti” em títulos alternativos do filme parece nitidamente
oportunista para chamar a atenção do público, pois o homem das neves aparece
pouco, apenas rapidamente no início do filme, e depois no desfecho, na luta com
o lobisomem.
Uma das taglines
promocionais, que numa tradução literal seria algo como “duas feras sanguinárias
num combate mortal” é bem sensacionalista, uma vez que o tal confronto só
acontece no final e de uma forma que pode ser considerada discreta e
decepcionante. “La Maldición de La Bestia”
é basicamente um filme tosco de lobisomem com quase nada de “Yeti”.
É evidente a boa tentativa
de horror dos realizadores, mas mesmo com resultados apenas medianos, o filme ainda
fez parte da lista de produções banidas na Inglaterra (os chamados “vídeos
nasty”) na década de 1980, pelo conteúdo de violência.
(Juvenatrix – 06/10/17)
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