Uma mistura de horror gótico com herói
justiceiro, numa aventura literalmente pelo inferno para salvar um vilarejo da
maldição de uma bruxa
Maciste é um herói
justiceiro similar ao popular Hércules, que defende os pobres, fracos e
oprimidos contra as forças do mal. Extremamente forte e musculoso, ele é
interpretado pelo ator italiano Adriano Bellini (creditado com o manjado
pseudônimo americano Kirk Morris) em vários filmes com o mesmo personagem. Em “Maciste
no Inferno” (Maciste all´inferno), produção italiana de 1962, sua aventura para
salvar os aldeões de um pequeno vilarejo, livrando-os de uma maldição lançada
por uma bruxa executada na fogueira, o leva literalmente para um passeio no
inferno. Combatendo animais violentos como um leão, uma cobra enorme, uma águia
carniceira e uma manada de bois ferozes, além de um homem gigante, em efeitos extremamente
toscos e bizarros.
Com direção de Riccardo
Freda (com o pseudônimo Robert Hampton), a história mistura elementos de horror
gótico com filmes épicos de fantasia. Um jovem casal formado por Charley Law
(Angelo Zanolli) e Martha Gaunt (Vira Silenti) muda-se para um castelo sinistro
na Escócia, e são mal recebidos pelos aldeões do vilarejo próximo, que decidem hostilizá-la
com tochas e ferramentas cortantes acusando-na de ser uma descendente de uma
bruxa queimada na fogueira da inquisição em 1515, e que havia prometido
vingança e maldição aos seus executores, sob o comando do juiz Edgar Parris
(Andrea Bosic).
Maciste aparece do nada e salva a mulher
do linchamento, mas não consegue impedir que ela seja julgada por um tribunal
inquisidor e condenada à morte na fogueira por suposta bruxaria. Para tentar
impedir a execução, Maciste vai para o inferno em busca da bruxa. No caminho, enfrenta
animais ferozes, encontra pessoas sofrendo torturas infindáveis de monstros e
demônios, remove pedras gigantescas com as mãos, nunca usa armas e ao
atravessar uma porta de fogo encontra uma bela e misteriosa mulher, Fania (Hélène
Chanel), que tenta ajudá-lo em sua missão.
O filme desperta algum interesse em seu
primeiro ato, ao explorar elementos sempre atraentes do horror gótico, com um
castelo sombrio repleto de morcegos, aldeões supersticiosos e uma bruxa
queimada na fogueira, amaldiçoando seus executores. Depois, quando surge o
herói justiceiro sem camisa, com suas boas intenções de mocinho, numa
improvável viagem ao inferno, a história mudou de rumo e inevitavelmente seguiu
em direção ao tédio. Nem os efeitos toscos de um filme bagaceiro, nas lutas com
animais falsos (ou grandes bichos de pelúcia), ou as pedras de isopor do
inferno, conseguiram minimizar a sensação de sonolência no espectador. Seguem
as palavras do próprio Maciste, que fala pouco e fica o tempo todo demonstrando
ações de força bruta: “Meu destino é ajudar as pessoas que sofrem pela opressão
e crueldade ao redor do mundo”. Dessa forma, os elementos de horror gótico do
início do filme deram lugar para uma aventura simples e patética de um herói
fazedor de justiça.
Entre as curiosidades, vale citar:
* enquanto Maciste está no inferno,
temos várias cenas simulando imagens do passado, reproduzindo suas aventuras
anteriores como uma luta contra um ciclope e contra um exército tirano chinês.
* Nos Estados Unidos o filme recebeu o
título “The Witch´s Curse”.
* As cenas ambientadas no inferno foram
filmadas numa região de cavernas na cidade italiana de Bari, e são bem
interessantes, independente da história trivial do filme.
* Em 1961 teve outro filme italiano
similar, “Hércules no Centro da Terra” (Hercules in the Haunted World),
dirigido por Mario Bava e com Christopher Lee, sobre a aventura do fortão
Hércules no submundo, um lugar que podemos chamar de inferno.
*
Outros filmes do ator Kirk Morris creditado como Maciste: “O Triunfo de Maciste”
(1961), “Hercules in the Valley of Woe”
(1961), “Colossus and the Headhunters” (1963), “Atlas Against the Czar” (1964)
e “Hércules, o Invencível” (1964).
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