O site de Horror “Boca do Inferno” foi
criado em 2001 por Marcelo Milici e é uma importante fonte de informações
gerais e resenhas, principalmente de cinema. Um monstro eletrônico que, assim
como a criatura alienígena “A Bolha” (The Blob) do filme “B” clássico de 1958,
está sempre se alimentando, devorando cada vez mais conteúdos sobre o gênero
fantástico, especialmente o Horror, crescendo de forma exponencial. Para se ter
uma ideia, seu catálogo de resenhas possui a expressiva quantidade de
aproximadamente 2650 filmes analisados, com os números cada vez aumentando
mais, num colossal banco de análises sem paralelo na internet brasileira.
Parte de sua equipe de redatores juntou
esforços e como resultado foi lançado no final de 2016 o primeiro livro
representante do “Boca do Inferno”. “Medo de Palhaço” publicado pela “Editora
Évora” (São Paulo/SP), é uma enciclopédia definitiva sobre palhaços
assustadores na cultura pop, falando sobre a coulrofobia (o nome técnico para o
medo de palhaço) e abrangendo todas as mídias passando por cinema
(principalmente) e televisão, além da literatura e dos quadrinhos (com textos
especiais sobre os vilões “Coringa” e “Violador”).
O livro é resultado de um trabalho extenso
e de grande qualidade sobre o assunto abordado. Os destaques certamente ficam
por conta das resenhas de cinema, a maior especialidade do site, com dezenas de
análises muito bem escritas e informativas. Com seções especiais para os filmes
mais lembrados dentro do tema, “Palhaços Assassinos do Espaço Sideral” (1988) e
“It: Uma Obra-Prima do Medo” (1990). A produção geral do livro também é ótima,
com uma bela capa chamativa, formato grande e acabamento caprichado.
Porém, uma falha é a falta de créditos da
maior parte dos textos e de todas as resenhas, as quais deveriam ser
identificadas por seus respectivos autores, utilizando-se uma legenda com as
iniciais dos nomes, uma vez que o livro foi escrito por cinco pessoas.
O capítulo sobre o assassino em série John
Wayne Gacy, um americano que gostava de atuar como palhaço e foi condenado pela
morte de muitos jovens, possui logicamente um interesse e importância dentro do
tema, mas o texto é extenso demais com excesso de informações cansativas sobre
sua vida e os processos que enfrentou na justiça, até ser condenado e executado
no corredor da morte por injeção letal. O capítulo poderia ser menor e mais
dinâmico, eliminando muitos detalhes sem relevância.
Tem um pequeno erro de informação na
resenha sobre “Slasher House” (2012), dizendo que o músico Blaze Bayley, que
fez a voz de um demônio, foi o primeiro vocalista da banda inglesa de heavy metal
“Iron Maiden”, porém tiveram outros vocalistas antes dele como Paul Di´Anno e
até mesmo Bruce Dickinson, que saiu em 1993 dando seu lugar para Bayley, e que depois
retornou em 1999 permanecendo até os dias atuais.
Outra pequena oportunidade de melhoria seria
a menção do país de produção dos filmes analisados, logo na pequena ficha que
inicia as resenhas. Além do fato de que algumas delas caíram na armadilha de
citar datas futuras para eventuais lançamentos ou informações similares, e que
já se tornaram passado no lançamento do livro. Sabemos que impedir que um texto
torne-se datado é uma tarefa difícil, e talvez não registrar datas seja a solução.
Entretanto, independente dessas pequenas
observações, o livro é uma referência de valor inestimável para qualquer tipo
de pesquisa, estudo e catalogação sobre a origem, história e participação dos
palhaços na cultura pop, em especial o cinema. Agregando imenso valor ao tema e
ajudando a evidenciar a alta qualidade do conteúdo do portal de Horror “Boca do
Inferno”, responsável pelo projeto, em parceria com a “Editora Évora”.
Que sejam bem-vindos mais títulos
similares abordando outras fobias igualmente interessantes.
“Medo de Palhaço”
(2016)
Organizado por Marcelo Milici, com textos diversos e
resenhas de Filipe Falcão, Gabriel Paixão, Matheus Ferraz, Rodrigo Ramos e
Marcelo Milici (equipe do site de Horror “Boca do Inferno” – www.bocadoinferno.com.br)
Editora Évora (São Paulo/SP)
Formato: 210 x 280 mm
270 páginas
(Juvenatrix - 28/07/17)
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