“Olhem para mim, todos sabem quem
sou. Esta é a história do meu trabalho eterno em todas as épocas, as obscuras e
esquecidas, e aquelas que ainda virão. Admirem o sutil funcionamento dos meus
talentos, e rezem para que eu nunca volte o meu interesse para vocês!”
Essa introdução do próprio diabo
(interpretado por Richard Devon), com uma gargalhada de deboche no final, dá
início ao filme bagaceiro de horror com elementos de fantasia “Os Reencarnados”
/ “A Morta Viva” (The Undead, 1957), produzido e dirigido por Roger Corman em
início de carreira, através de sua produtora “American International Pictures”
(AIP). Ele, que é conhecido pela carreira imensa com centenas de filmes,
principalmente do gênero fantástico, cujas maiores características são os
orçamentos reduzidos.
Com fotografia em preto e branco,
curto com apenas 71 minutos de duração e filmado em apenas 6 dias, “The Undead”
conta a história de um psiquiatra pesquisador, Quintus Ratcliff (Val Dufour),
que desafia seu antigo professor Ulbrecht Olinger (Maurice Manson), com uma
experiência arriscada de hipnose com regressão. Ele utiliza como cobaia uma
bela jovem chamada Diana Love (Pamela Duncan), que encontra desocupada pelas
ruas, oferecendo dinheiro para se submeter ao experimento.
Uma vez aceitando o dinheiro fácil, a
garota é hipnotizada e sua mente a faz retornar no tempo em uma vida anterior
durante a Idade Média, na pele de Helene (novamente Pamela Duncan), uma jovem
acusada injustamente de bruxaria e condenada à morte por decapitação. Porém,
ocorre uma interferência mental da moça do futuro e ela consegue fugir da
prisão, iniciando uma série de ocorrências imprevistas que poderiam afetar a
existência de todas as suas vidas no futuro. Através de uma trama envolvendo
seu par romântico, Pendragon (Richard Garland) e a bela bruxa Livia (Allison
Hayes), que tem interesse amoroso por ele e quer a morte de Helene para sair de
seu caminho. Além do coveiro atrapalhado Smolkin (Mel Welles), que se diz
enfeitiçado por bruxaria, fica cantando bobagens o tempo todo e alega ser meio
maluco, e da bruxa velha e deformada Meg Maud (Dorothy Neumann), que quer
ajudar Helene a se salvar de seus perseguidores.
Em paralelo, Satã está apenas
assistindo toda a confusão como um espectador que tentará interferir no momento
certo para conquistar mais almas para seu reino de caos. E o psiquiatra Quintus
decide também ser hipnotizado para retornar ao passado e tentar consertar as
coisas, oferecendo a solução para Helene através da escolha em aceitar a
decapitação e permitir suas vidas futuras ajustando novamente a linha temporal,
ou decidir fugir da condenação e viver em seu tempo, e com isso impedir a
existências de suas próximas vidas.
“Você está em transe, esta é a sua
escolha: a morte agora, vida depois. Ou vida agora, e morte pata todo o
sempre.”
O roteiro explora o tema da
reencarnação, aproveitando o lançamento do livro “The Search For Bridey
Murphy”, de Morey Bernstein. A autoria é de Charles B. Griffith, que foi o
responsável por outras bagaceiras da época também dirigidas por Roger Corman
como “It Conquered the World”, “Not of This Earth” e “Attack of the Crab
Monsters”, entre outros. A história é uma confusão completa, cheia de furos e
situações absurdas, onde o resultado acaba convidando o espectador a não se
importar com qualquer lógica ou coerência, e apenas aceitar os fatos na
tentativa de diversão. Pois, o que realmente interessa no filme são os
elementos de horror de uma época medieval onde havia muita conspiração e
suposta feitiçaria, com constantes execuções violentas em público. Com uma
atmosfera sinistra de um período sangrento da humanidade, em cenas filmadas
simulando florestas fantasmagóricas envoltas com névoa constante.
A produção é paupérrima, com cenários
toscos e efeitos tão bagaceiros que se tornam hilários, como as transformações
da bruxa Livia em morcego ou uma gata preta, além da participação de um anão
(Billy Barty) como um diabrete, que é uma pequena criatura sobrenatural
pertencente à bruxa. Tem até uma cena de dança macabra num cemitério que é
inacreditável de tão patética. Vale apenas pela curiosidade de ser um dos
primeiros trabalhos do “Rei dos Filmes B” Roger Corman.
A bela atriz Allison Hayes é uma musa
conhecida dos filmes bagaceiros do cinema fantástico do período, aparecendo em tranqueiras
divertidas como “O Extraordinário” (The Unearthly, 1957), com o “cientista
louco” John Carradine, “Os Zumbis de Mora Tau” (1957) e o cultuado “A Mulher
de 15 Metros ”
(1958).
“Príncipe da escuridão, criador do
mal, arquiinimigo do céu. Satã, seja bem vindo ao sabá das feiticeiras.”
(Juvenatrix – 23/10/16)
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