sábado, 14 de maio de 2016

Martyrs (França / Canadá, 2008)



Escrito originalmente em 23/04/2009.

“Alta Tensão” (Haute Tension / High Tension, 2003), “Eles” (Ils / Them, 2006), “A Invasora” (À L´intérieur / Inside, 2007), “Fronteira (A)” (Frontiere (s) / Frontier (s), 2007), e agora “Martyrs” (2008). O cinema de horror francês é atualmente um dos mais violentos e perturbadores, com filmes tensos, carregados de “gore” em roteiros que prendem a atenção e principalmente que ficam na memória do espectador. E também, com algumas exceções, constatamos que o tão badalado e popular cinema americano de horror não tem conseguido nos dias de hoje deixar de ser comum, trivial, repleto de clichês e excessivamente comercial, em detrimento de histórias originais e imagens ousadas de violência gráfica.
É difícil apresentar a sinopse de “Martyrs” sem esbarrar em armadilhas reveladoras de “spoilers”, portanto a história será resumida em poucas palavras básicas apenas para registro: Lucie (Mylène Jampanoi) é uma jovem em busca de vingança contra as pessoas que a aprisionaram e torturaram quando criança e de quem conseguiu fugir de forma desesperada, abandonando o cativeiro. Em sua jornada por justiça pessoal, conta com a ajuda da amiga Anna (Morjana Alaoui), que a apoiou durante anos nos momentos de depressão e com seu problema de auto mutilação. Porém, tanto Lucie (atormentada num mundo de insanidade), quanto principalmente Anna, não imaginariam a horrenda experiência com propósitos obscuros em que seriam vítimas.
Dirigido e escrito por Pascal Laugier, o cineasta escolhido para comandar a refilmagem de “Hellraiser” (com previsão de lançamento em 2011), o filme é ultra violento (a cena de vingança com o tiroteio é memorável), sangrento ao extremo (o líquido vermelho banha a tela em demasia), e explora um tema original (depois de ver o filme o espectador refletirá sobre o real significado de “mártir”), através de elementos interessantes que nos remetem a outros filmes como o americano “O Albergue” (Hostel), de Eli Roth, na idéia de uma sociedade secreta com objetivos sinistros, e as películas orientais com fantasmas atormentados, nas cenas de alucinação de uma das personagens. E ainda temos um desfecho adequado, tão perturbador quanto toda a bizarra história que é apresentada. É interessante também notar como os cineastas franceses procuram colocar mulheres como protagonistas (reparem nos filmes citados no início desse texto), fazendo-as sofrer na carne dores e torturas inimagináveis, transformando-as em mártires literalmente. Altamente recomendável, “Martyrs” é cinema de horror puro, que merece e deve ser respeitado e reverenciado.

Obs.: Em 05/05/16 estreou nos cinemas brasileiros uma refimagem americana produzida em 2015, com direção dos irmãos Kevin e Michael Goetz, e que recebeu por aqui o mesmo título original. De uma forma geral é inferior ao filme francês, mas ainda assim passa a sua mensagem com boas cenas de violência e um final também perturbador.
(Juvenatrix - 23/04/2009 - 14/05/2016)

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