O livro ilustrado As aventuras de Sir Charles Mogadom e do Conde Euphrates de Açafrão é um trabalho coletivo que os irmãos Arthur, Rubens e Carlos Matuck produziram ao longo de praticamente toda a vida.
Trata-se, à primeira vista, de um álbum de histórias em quadrinhos, mas uma observação mais atenta revela que é mais do que isso. Cada um dos quadros é uma obra de arte em si, delicadamente produzida em lápis de cor, num efeito belo e de muita personalidade. Não há balões, nem onomatopeias, nada que se sobreponha aos desenhos, com todo o texto composto abaixo dos quadros, como numa prancha de Príncipe Valente.
São apresentados dez episódios mais alguns fragmentos, comentados pelo jornalista Oscar D'Ambrósio, que ainda brinca com os personagens da narrativa, entrevistados na edição.
O texto, tal qual as ilustrações, é poético e delicado. A história se passa na imaginária cidade de Damar, onde os cientistas Sir Charles Mogadom e do Conde Euphrates de Açafrão desenvolvem pesquisas incomuns sobre a natureza das coisas. Damar esparrama-se à sombra de uma gigantesca árvore que, a certa altura, libera sementes voadoras que serão a inspiração de Alberto Santos Dumont para seus projetos voadores. A presença de Dumont abre um leque de possibilidades interessantes para o trabalho, pois de uma certa maneira o instala no gênero steampunk, muito popular entre os fãs de ficção científica, e mesmo numa possível história alternativa, uma vez que detalhes da vida real de Dumont são citados na aventura.
A história ainda faz referência a muitas personalidades ligadas aos quadrinhos, como Flavio Colin, Angelo Agostini, George Remi, Carl Barks, Hal Foster, Winsor McCay, Ub Iwerks, Floyd Gottfredson e Ziraldo.
O álbum, que é uma publicação da Editora Terceiro Nome, tem 160 páginas em cores, com capa dura e sobrecapa. Com certeza, uma das mais luxuosas e significativas publicações de 2010 tanto na área dos quadrinhos quando da fc&f brasileira.
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