Escrito em Fevereiro de 2004 e publicado originalmente na edição 83 do fanzine “Juvenatrix”.
Revisado em 27/01/2006 e 19/01/2016
“No futuro ainda existirão guerras em nome da honra, da glória e da sobrevivência. Só o inimigo mudará.”
O diretor holandês Paul Verhoeven, conhecido por ótimos trabalhos no cinema fantástico como “Robocop, o Policial do Futuro”, com Peter Weller, “O Vingador do Futuro”, com Arnold Schwarzenegger, e “O Homem Sem Sombra”, com Kevin Bacon, também é o cineasta responsável por um dos mais divertidos filmes de Ficção Científica com elementos de Horror desde o clássico “Alien, o Oitavo Passageiro” (1979), de Ridley Scott.
Trata-se de “Tropas Estelares” (Starship Troopers, 1997), baseado em livro homônimo de Robert A. Heinlein escrito em 1959, e que pode ser considerado um dos ápices da filmografia de FC com o Horror em seu estado mais puro, associado à violência insana da guerra. Pois não faltam cenas impressionantes de batalhas entre homens e insetos alienígenas, com direito a um enorme volume de sangue jorrado em profusão, com uma infinidade de corpos mutilados, desmembrados, dilacerados e destroçados de uma forma extremamente selvagem, evidenciando a fragilidade dos corpos dos seres humanos, entre carne, sangue, músculos e ossos.
A história é ambientada num futuro onde a humanidade está em guerra com uma raça alienígena de insetos e as pessoas são classificadas entre civis e cidadãos, não existindo mais a democracia que fracassou através dos cientistas sociais que levaram o caos ao planeta, passando o comando aos militares, chamados de veteranos. Os cidadãos são aqueles que se alistam no exército aceitando a responsabilidade pelo corpo político e defendendo-o com suas próprias vidas. Na televisão são exibidas aquelas mensagens de convocação da população para o alistamento militar, verdadeiros comerciais para o recrutamento de soldados, tipicamente inspirados nas propagandas políticas fascistas, explicando ao civil porque ele deve se unir às Tropas da Federação. A televisão também é um meio de propagação da violência, onde execuções de criminosos na cadeira elétrica são transmitidas ao vivo.
Enquanto isso, os insetos alienígenas são uma espécie de aracnídeos que evoluíram em milhões de anos chegando a colonizar planetas, com a vantagem de não demonstrarem medo, enfrentando a morte com frieza, e sendo liderados por um cérebro inteligente. Eles possuem uma estrutura hierárquica militar similar aos exércitos humanos e são muito mais fortes fisicamente e extremamente violentos, não fazendo prisioneiros e sendo abatidos apenas quando seus sistemas nervosos são atingidos. Os insetos são oriundos de outra galáxia, do planeta Klendathu, que orbita um sistema estelar duplo cujas forças gravitacionais produzem uma infinidade de meteoros na forma de um cinturão de asteroides. Eles utilizam esses meteoros para atacar a Terra, causando uma guerra definitiva entre as espécies para a sobrevivência apenas de uma das raças.
Dentro desse contexto conturbado, a ação volta-se para o chamado “paraíso latino”, numa escola em Buenos Aires onde estudam o jovem filho de uma família rica, Johnny Rico (Casper Van Dien), sua namorada filha de um militar, a bela Carmen Ibanez (Denise Richards), que pretende ser piloto da frota, e dois amigos em comum do casal, o sensitivo e inteligente Carl Jenkins (Neil Patrick Harris), e a bela Dizzy Flores (Dina Meyer), apaixonada por Johnny e que pretende se alistar na infantaria. Para impressionar a namorada, e contra a vontade de seus pais, Johnny se alista na Infantaria junto com Dizzy, enquanto Carl é recrutado para servir na Inteligência Militar e Carmen vai para a Aeronáutica seguir carreira.
Os treinamentos têm início. Enquanto Johnny e Dizzy conhecem na Infantaria outros soldados como Ace Levy (Jake Busey), sendo coordenados pelo severo Sargento Zim (Clancy Brown), Carmen encontra na frota um antigo colega de escola e agora instrutor, Zander Barcalow (Patrick Muldoon), além de conhecer a Capitã Deladier (Brenda Strong), onde juntos fazem parte da tripulação da enorme nave estelar “Rodger Young”.
Durante o período de treinamentos, um ataque catastrófico dos insetos alienígenas ao enviarem um asteroide para aniquilar Buenos Aires, é o impulso definitivo para decretar a guerra. Um planejamento estratégico organizado pelo governo militar é então preparado e os humanos realizam uma forte investida contra o planeta dos insetos. Porém, uma vez subestimando a capacidade de defesa dos inimigos aracnídeos, os pelotões de infantaria são terrivelmente massacrados com mais de 300.000 soldados mortos em poucas horas de combate, além de outras perdas significativas da frota com ataques de plasma enviados da superfície do planeta pelos insetos tanque.
Após reorganizar seus exércitos com uma nova estratégia de combate, a humanidade parte para uma nova ofensiva contra os insetos, na tentativa de capturar o líder e cérebro dos inimigos. Através de um bombardeio aéreo seguido de um ataque por terra com a infantaria, liderada pelo Tenente Jean Rasczak (Michael Ironside), numa série de confrontos determinantes para a sobrevivência de apenas uma espécie.
“Pensar por si próprio é a única liberdade que temos.” – Jean Rasczak, professor e Tenente da infantaria
“Tropas Estelares” apresenta a união de uma temática de ficção científica com fortes elementos de horror e guerra, num conjunto determinante para uma história bastante intensa de ação e violência de um campo de batalha. Com a vantagem dos eventos ocorrerem num universo fictício num confronto dos humanos contra insetos alienígenas, não deixando de lado uma oportuna crítica à “irracionalidade” conhecida da humanidade em idolatrar as armas e a guerra, preferindo resolver seus conflitos sempre com a violência e enaltecendo os vários modelos políticos militares baseados em repressão.
Olhando apenas pelo lado da diversão, objetivo maior do cinema, “Tropas Estelares” garante duas horas do mais puro entretenimento, principalmente pelas cenas de batalha e os corpos dos soldados sendo destroçados pelos insetos. O filme pode ser dividido em duas partes, sendo a primeira bem inferior, voltada para a apresentação dos personagens, na maioria formados por jovens preocupados também com amores adolescentes. Aqui temos os pontos negativos do filme, com o roteiro abusando do uso daqueles clichês descartáveis, enfatizando demais os relacionamentos amorosos de um grupo de jovens divididos entre a escola e o alistamento militar. Nessa primeira metade do filme ocorre também a introdução de alguns elementos importantes da história como a existência dos insetos alienígenas ameaçadores para a sobrevivência da Terra e a consequente guerra com a humanidade. A segunda parte, a partir da metade, é bem melhor ao evidenciar a brutalidade insana da guerra, com as realistas cenas de batalhas aéreas e na superfície, com os brutais massacres tanto de insetos (espalhando seu sangue verde) quanto principalmente de homens (manchando a tela de vermelho), tendo suas carnes frágeis sendo rasgadas por enormes garras afiadas. Nesse momento, “Tropas Estelares” atinge um ritmo frenético de violência digno de se manter na eterna lembrança dos apreciadores do cinema fantástico.
Duas cenas em especial merecem registro pela intensidade de ação e impecável produção. A primeira é quando o soldado Johnny Rico consegue a proeza de explodir um enorme inseto tanque, ao conseguir depositar em seu interior uma bomba. A outra cena é a eletrizante e incrível carnificina ocorrida no Forte Whiskey, uma estrutura de defesa construída pelos humanos em solo alienígena. Um pequeno grupo de soldados é encurralado numa emboscada por um imenso exército de insetos, que promovem um massacre devastador, numa sequência que rivaliza com a fantástica batalha no “Abismo de Helm” em “O Senhor dos Anéis: As Duas Torres” (2002), que mostra uma imensidão de flechas voando pelos ares e escadas cheias de orcs tentando invadir as estruturas de pedra de uma fortaleza guardada por humanos e elfos. E também com a cena de abertura de “O Resgate do Soldado Ryan” (1998), que mostra a invasão dos aliados na França, na costa da Normandia durante a Segunda Guerra Mundial, sendo recebidos à bala pelos alemães num massacre perturbador. Essas são três das mais intensas sequências de guerra produzidas pelo cinema, independente de ser ou não uma história de fantasia com personagens fictícios, ou a reprodução de um fato real e sangrento da história da humanidade, com destruidoras armas de fogo matando homens. Analisando exclusivamente como cinema de guerra, esses exemplos caracterizam o que mais próximo seria o horror de um campo de batalha. O inferno existe e é a guerra.
É curioso notar que “Tropas Estelares” também não deixa de explorar a rivalidade existente entre a infantaria e a frota, onde os primeiros são treinados exclusivamente para matar os inimigos ou morrer tentando, e já os pilotos são considerados como uma elite superior pela responsabilidade em conduzir as aeronaves. Uma frase indignada de Johnny Rico reforça bem essa ideia: “A infantaria morre enquanto a frota voa.”
Com um orçamento em torno de US$ 100 milhões, o filme recebeu uma merecida indicação ao cobiçado prêmio “Oscar” pelos excelentes efeitos especiais, os quais levaram cerca de um ano para serem finalizados, entre a construção das belíssimas naves espaciais (sob a responsabilidade de Scott E. Anderson), e a criação do exército dos insetos alienígenas, dividido entre a infantaria (soldados), tanques (insetos de mais de 30 metros de comprimento), e a aeronáutica (insetos voadores), num precioso trabalho supervisionado por Phil Tippett. Os trabalhos com os efeitos visuais foram obtidos numa combinação de esforços entre as empresas “Sony Image Works”, “Industrial Light and Magic” e “Boss Film”.
“Tropas Estelares” foi lançado em DVD no Brasil pela “Buena Vista Home Entertainment”, num disco repleto de interessante material extra em aproximadamente 30 minutos, e quase tudo legendado em português. Além de poder conferir o filme, temos acesso a vários bônus como um trailer; testes de duas cenas com os personagens Johnny Rico e Carmen Ibanez; uma apresentação com informações de bastidores da produção; um documentário com a elaboração de algumas cenas com comentários do diretor Paul Verhoeven, como a destruição de uma nave enorme num ataque dos insetos, a sequência onde Rico explode um inseto tanque, e a cena onde um soldado é perseguido e morto violentamente por um inseto; além de cinco cenas excluídas da edição final do filme. Como material extra ainda temos a exibição do filme com comentários em áudio do diretor, porém em inglês sem legendas.
“O único inseto bom é um inseto morto.”
O diretor Paul Verhoeven nasceu em 1938, e em sua carreira destacam-se outros filmes interessantes como “Conquista Sangrenta” (1985), “Robocop” (1987), “O Vingador do Futuro” (1990), “Instinto Selvagem” (1992) e “O Homem Sem Sombra” (2000). Ele também dirigiu em 1995 “Showgirls”, muito criticado e considerado o seu pior trabalho.
O roteiro de “Tropas Estelares” é de Ed Neumeier, que também foi o autor da história de “Robocop”, inspirando uma franquia com mais três filmes e duas séries de TV. Ele utilizou como base para o filme o livro homônimo do escritor americano Robert A. Heinlein (1907 / 1988), um dos mais cultuados autores de Ficção Científica da história do gênero, figurando num grupo seleto formado ainda por Isaac Asimov e Arthur Clarke, entre outros nomes consagrados. Entre outros trabalhos importantes no cinema, Heinlein escreveu o roteiro do clássico de FC “Destino: Lua” (Destination Moon, 1950), baseado em sua própria novela chamada “Rocketship Galileo”.
O elenco é formado basicamente por jovens pouco conhecidos na época como Casper Van Dien, Denise Richards, Dina Meyer e Jake Busey, sendo liderados pela experiência de Michael Ironside, ator canadense nascido em 1950 e dono de um currículo com mais de 230 filmes, entre eles, “Scanners – Sua Mente Pode Destruir” (1981), de David Cronenberg, “Baile de Formatura 2” (1987), “O Vingador do Futuro”, “Highlander 2” (1991), e “Colheita Maldita 7” (2001), além da série televisiva “V – A Batalha Final” (1984).
Casper Van Dien é americano nascido na Florida em 1968, tendo uma filmografia com mais de 100 participações, e entre elas, no divertido filme “A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça” (1999), de Tim Burton. Denise Richards nasceu em 1971 no Estado americano de Illinois, e entre seus filmes estão “Garotas Selvagens” (1998), “007 – O Mundo Não é o Bastante” (1999) e o descartável thriller de horror adolescente “O Dia do Terror” (Valentine, 2001). Já Dina Meyer nasceu em 1968 em New York e entre seus filmes estão “Johnny Mnemonic” (1995), “Coração de Dragão” (1996), “D-Tox” e “Star Trek: Nêmesis” (ambos de 2002). E Jake Busey nasceu na California em 1971, sendo filho do veterano ator Gary Busey. Entre seus filmes podemos citar a comédia de horror “Os Espíritos” (1996), de Peter Jackson, a FC “Contato” (1997), e o excepcional thriller “Identidade” (2003).
“Em todas as épocas os motivos para se lutar sempre foram do próprio Homem, mas no futuro a maior ameaça para a nossa sobrevivência não será o Homem. Agora a juventude do amanhã precisa viajar através das estrelas para encarar um inimigo muito mais devastador do que todos que já foram imaginados.”
O início de uma franquia
O sucesso de “Tropas Estelares” acabou impulsionando uma franquia com várias produções. Tivemos uma série de animação produzida para a televisão em 1999 (“Roughnecks: The Starship Troopers Chronicles”) e o filme de animação “Tropas Estelares: Invasão” (2012). Além também do lançamento de duas continuações: “Tropas Estelares 2” (Starship Troopers 2: Hero of the Federation, 2004) e “Tropas Estelares 3” (Starship Troopers 3: Marauder, 2008).
“Tropas Estelares 2”
“Como consequência ao cruel ataque aracnídeo à Buenos Aires, forças federais aniquilaram o inimigo em Tango Urilla e capturaram um inseto inteligente no planeta P. Agora, armados com vitória, os heróicos homens e mulheres da infantaria móvel entram na zona de quarentena aracnídea e travam a luta contra o inseto.”
“Tropas Estelares 2” teve direção de Phil Tippett (um dos produtores e supervisor dos efeitos visuais dos insetos no filme original), e novamente roteiro de Edward Neumeier. O elenco foi formado por jovens desconhecidos como Richard Burgi, Colleen Porch, Bill Brown, Ed Quinn e Drew Powell, entre vários outros, exceto pelo veterano Ed Lauter, que interpretou um General. Curiosamente, a atriz Brenda Strong, que fez a Capitã Deladier no original, e que morreu na queda de sua nave num ataque dos insetos, voltou na continuação interpretando outro personagem, a Sargento Dede Rake.
A história do novo filme é ambientada cinco anos após os eventos do primeiro e acrescenta algumas novidades ao já conhecido universo ficcional dos insetos alienígenas, que agora são capazes de introduzir pequenas criaturas dentro dos corpos dos humanos, transformando-os em hospedeiros sob seu controle, com um plano de disseminar a praga no alto escalão militar da Federação. Eles ainda não foram dominados totalmente na guerra com a humanidade e as ações se passam dessa vez num remoto planeta, com mais algumas cenas de batalhas sangrentas.
Um pelotão da infantaria móvel é encurralado pelos insetos e se refugia num posto avançado que estava abandonado após uma batalha. Lá, eles se organizam para a defesa sob a liderança do General Jack Gordon Shepherd (Ed Lauter), enquanto aguardam um possível resgate aéreo. Entre os combatentes sobreviventes temos uma sensitiva, a soldado Lei Sahara (Colleen Porch), que tem visões pessimistas envolvendo os aracnídeos alienígenas. Por sorte, eles encontram no local, preso numa fornalha, o Capitão V. J. Dax (Richard Burgi), que fará o papel do herói do subtítulo original, na tentativa de deter um plano de contra-ataque dos insetos inimigos.
Infinitamente inferior, essa sequência foi produzida com bem menos recursos e sem a participação dos atores do filme original, resultando em menos cenas de batalhas, apesar de ainda ter boas doses de violência com mortes sangrentas. Porém, a história concentra-se quase que na totalidade num ambiente claustrofóbico de um posto avançado cercado pelos insetos, os quais dessa vez possuem um plano inteligente de contra-ataque. Até diverte um pouco se considerarmos como apenas mais um filme comum envolvendo elementos de guerra, horror e ficção científica. Mas, certamente se sustenta exclusivamente por trazer a marca “Tropas Estelares” no título, pois caso contrário estaria relegado ao limbo. Analisando como continuação, não tem como evitar um sentimento de decepção.
“Tropas Estelares 3”
“It´s a good day to die. When you know the reasons why. Citizen we fight for what is right.”
Em 2008 tivemos outra sequência, “Tropas Estelares 3”, numa co-produção entre EUA, Alemanha e África do Sul, que dessa vez além da autoria do roteiro, teve também a direção de Edward Neumeier, estreando no ofício. Além do retorno do ator Casper Van Dien do filme original, que depois de ser considerado um herói pela batalha vitoriosa no planeta P, trazendo como recompensa a captura de um cérebro inteligente dos insetos, subiu na hierarquia militar e transformou-se no agora Coronel Johnny Rico.
Ele comanda uma instalação militar na colônia de Roku San e recebe a visita do Delegado Espacial Omar Anoke (Stephen Hogan), que além de político influente na Federação, tem também muita popularidade como cantor de músicas que incitam o alistamento para a guerra contra os aracnídeos do espaço, como exemplificado na transcrição de um trecho no início do parágrafo. Ele está acompanhado do General Dix Hauser (Boris Kodjoe), antigo companheiro de Rico, e da Capitã Lola Beck (Jolene Blalock), que também conheceu Rico após os eventos do primeiro filme.
Depois de um violento confronto com os insetos na colônia de Roku San, onde os humanos foram aniquilados por causa de uma falha na cerca elétrica que os protegia na instalação militar, ocasionando uma invasão em massa dos inimigos, Rico foi injustamente considerado culpado pela derrota e encaminhado para uma prisão. Porém, uma vez resgatado da forca pelo General Hauser, ele é convocado para liderar uma equipe especial de pilhagem (o “Marauder” do subtítulo original), numa missão secreta de resgate no planeta OM-1, dominado pelos insetos, e cujos resultados de extrema importância política poderiam mudar os rumos da guerra, envolvendo a tirania da Almirante Enolo Phid (Amanda Donohoe) e questões de manipulação religiosa.
Com uma produção bem melhor e história mais desenvolvida, essa parte 3 da franquia representa aquilo que a parte 2 falhou. Ou seja, um filme com a participação de algum personagem importante do original (o agora Coronel Rico), apresentando mais relações com o primeiro filme (tem até a participação do cérebro alienígena capturado), e mais cenas de batalhas sangrentas com naves cruzando o espaço. É verdade que tem várias questões que também incomodaram como o exagero nas propagandas políticas militares, as trapalhadas do jovem General Hauser como soldado, nitidamente mais à vontade como político, a cansativa discussão religiosa no meio do caos da guerra, novamente com objetivos puramente políticos e manipuladores, e a cena final carregada de pieguice. Mas, apesar disso, ainda é um filme que conseguiu contribuir e agregar valores para o universo ficcional de “Tropas Estelares”, algo que a parte 2 não conseguiu, sendo apenas mais um filme comum e cheio de clichês.
“Eu gosto de insetos fritos pela manhã.” – frase da Tenente Link Manion (Cécile Brecia), antes do massacre em Roku San.
“Tropas Estelares: Invasão”
“Um brinde aos mortos e aos que ainda morrerão.”
Numa co-produção de 2012 entre Estados Unidos e Japão, essa animação dirigida pelo japonês Shinji Aramaki apresenta os três personagens principais do filme original, Johnny Rico, Carmen Ibanez e Carl Jenkins, que se formaram juntos na academia e tiveram destinos diferentes na guerra, construindo cada um ao seu modo carreiras militares de destaque. Enquanto Rico foi para a infantaria e após muitas batalhas e sangue derramado tornou-se General, a bela Ibanez tornou-se piloto da frota e capitã da nave John A. Warden, e o sensitivo Jenkins juntou-se à elite da Federação como Ministro de Guerra Paranormal.
Com ambientação quase que totalmente em naves espaciais, o roteiro dessa animação mostra inicialmente uma missão de resgate da nave Alesia ao Fort Casey, localizado num asteroide, que foi brutalmente atacado pelos insetos. Chegando lá, eles encontram um cenário de destruição e o comandante local Major Henry Varro, também conhecido como “Hero”, está preso por insubordinação, num envolvimento conturbado com um segredo misterioso. O motivo é um projeto clandestino liderado por Carl Jenkins, que se apossou da nave da capitã Ibanez para uma missão secreta. Porém, depois que a comunicação com a nave é perdida, descobriu-se que estava sendo controlada por uma poderosa rainha dos insetos, com rota para a Terra. Formou-se então outra missão de resgate para averiguar o mistério, dessa vez contando também com o apoio do General Rico para impedir um ataque ao nosso planeta.
Não faltam tiroteios e batalhas sangrentas com os insetos, principalmente no interior de naves estelares. A história é bem movimentada, com grandes doses de violência e todos os elementos característicos de guerras espaciais que fizeram “Tropas Estelares” conquistar uma imensa legião de fãs, com soldados truculentos e determinados, homens e mulheres concentrados na luta pela sobrevivência num conflito sangrento contra insetos alienígenas invasores, exaltando a disciplina militar como modelo político. “Tropas Estelares: Invasão” é uma animação que diverte bastante e consegue honrar o filme original.
Curiosamente, vale a pena conferir uma cena rápida após os créditos finais envolvendo um inseto solitário caminhando num túnel de esgoto. (RR)
Tropas Estelares (Starship Troopers, Estados Unidos, 1997). Touchstone / Tristar. Duração: 119 minutos. Direção de Paul Verhoeven. Roteiro de Ed Neumeier, baseado em livro homônimo de Robert A. Heinlein. Produção de Alan Marshall, Jon Davison, Frances Doel, Stacy Lumbrezer, Ed Neumeier e Phil Tippet. Música de Basil Poledouris. Fotografia de Jost Vacano. Edição de Mark Goldblatt e Caroline Ross. Desenho de Produção de Allan Cameron. Elenco: Casper Van Dien (Johnny Rico), Dina Meyer (Dizzy Flores), Denise Richards (Carmen Ibanez), Jake Busey (Ace Levy), Neil Patrick Harris (Carl Jenkins), Patrick Muldoon (Zander Barcalow), Michael Ironside (Tenente Jean Rasczak), Clancy Brown (Sargento Zim), Seth Gillian (Sugar Watkins), Rue McClanahan (Professora de Biologia), Marshall Bell (General Owen), Anthony Ruivivar (Shujumi), Dale Dye (General), Eric Bruskotter (Breckinridge), Matt Levin (Kitten Smith), Blake Lindsley (Katrina McIntire), Brenda Strong (Capitã Deladier), Dean Norris (Major), Christopher Curry (Bill Rico), Lenore Kasdorf (Sra. Rico), Tami-Adrian George, Steven Ford, Ungela Brockman.
(Juvenatrix - 27/01/2006 / 19/01/2016)
valeu cara, assistia a série na globo e vi recentemente no netflix o primeiro filme da série. Muito esclarecedor e parabens pelo blog.
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