sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

A Caverna (The Cave, EUA / Alemanha / Romênia, 2005)


Escrito originalmente em 02/02/2006.

“Abaixo do céu há o inferno. Abaixo do inferno há a caverna.”

A tagline promocional reproduzida acima é bem simples, porém é inegável que também é bem criativa e que consegue despertar inicialmente no público admirador de cinema fantástico, uma certa atração em conhecer o filme e descobrir como seria essa “caverna”. E depois de alguns adiamentos, entrou em cartaz nos cinemas brasileiros em 27/01/2006 o filme “A Caverna” (The Cave / Prime Evil, EUA / Alemanha / Romênia, 2005), dirigido pelo estreante Bruce Hunt, apresentando novamente uma história (de Michael Steinberg e Tegan West) que procura explorar os efeitos perturbadores da escuridão em ambientes de claustrofobia.

Um grupo de cientistas descobre as ruínas de uma igreja antiga, localizada no alto de uma montanha remota no interior da Romênia. Ao investigarem o local, encontram a entrada para uma imensa caverna aparentemente ainda desconhecida. Uma vez esperando encontrar todo um ecossistema inexplorado, os cientistas convocam uma expedição profissional americana com mergulhadores e especialistas em cavernas para desbravarem as profundezas do gigantesco fosso sombrio.
A equipe é formada por seis pessoas, tendo a liderança de Jack (Cole Hauser), e contando ainda com seu irmão Tyler (Eddie Cibrian), a bela Charlie (Piper Perabo), o experiente Top Buchanan (Morris Chestnut, de “Anaconda 2: A Caçada Pela Orquídea Sangrenta” ), o especialista em informática Strode (Kieran Darcy-Smith), e o convencido Briggs (Rick Ravanello). Eles se juntam com outras três pessoas, os cientistas Dr. Nicolai (Marcel Iures) e Dra. Kathryn (Lena Headey), além do cinegrafista Kim (Daniel Dae Kim). O grupo conta com uma sofisticada aparelhagem tecnológica como auxílio e apoio na exploração da caverna, com equipamentos modernos de comunicação, rastreamento, escalada e mergulho. 
O que todos eles não imaginariam eram as surpresas que encontrariam no interior da caverna, primeiramente agradáveis com a incrível e deslumbrante beleza interior das grutas, e depois perigosas e mortais após a ocorrência de um acidente com explosão, que bloqueou a entrada e obrigou-os a seguir em frente em busca de uma saída antes do término das provisões. Para complicar ainda mais a tensa situação, surge um inesperado grupo de criaturas horrendas e violentas, ocultas pelos cantos e que passam a espreitá-los, apenas aguardando uma oportunidade para se apresentarem e sentir o gosto do sangue humano rasgando a carne com suas garras.

“A Caverna” é um filme acima da média e que tem algum destaque na filmografia de produções similares que mostram um grupo de pessoas investigando um ambiente desconhecido e habitado por monstros ávidos por suas carnes, com um enfoque maior para o incômodo sentimento de claustrofobia de um lugar fechado e ameaçador, e a pressão psicológica causada pelo medo e insegurança provenientes da escuridão. Um grupo de vários filmes semelhantes entre si como “A Relíquia” (The Relic, 97), com uma criatura animalesca perseguindo pessoas na escuridão de um museu com as saídas bloqueadas, ou “Criatura” (Alien Lockdown, 2004), mostrando o confronto entre um monstro alienígena e um grupo de soldados, com intensas perseguições nos corredores escuros de uma base militar isolada, ou ainda o crossover “Alien Vs. Predador” (2004), com um grupo de exploradores humanos descobrindo que estão no meio de uma guerra entre alienígenas hostis, e que acabam tornando-se também a caça de ambos, lutando por suas vidas numa complexa pirâmide subterrânea, só para citar alguns poucos exemplos.
O elenco é bem desconhecido com a maioria dos atores vindos de séries e filmes para a televisão, a não ser por Cole Hauser, visto em outras produções mais importantes como o drama de guerra “A Guerra de Hart”, com Bruce Willis e a FC/Horror “Eclipse Mortal”, com Vin Diesel, mas que por sua vez ainda assim é um ator apenas secundário e limitado. E tem uma cena envolvendo o líder do grupo e “salvador da pátria” Jack, exatamente igual como visto no filme “Reino de Fogo” (Reign of Fire, 2002), num confronto entre o herói Denton Van Zan (Matthew McCounaghey) e um dragão.
Porém, por outro lado, como fatores positivos, vale mencionar que a história prende a atenção do espectador o tempo inteiro, acompanhando a tentativa da expedição de encontrar uma saída do inferno em que se encontravam, muito abaixo da superfície, e ameaçados por monstros predadores. O visual do interior da caverna também é fascinante, com suas galerias imensas e profundas e rios subterrâneos, além da concepção das criaturas, convincentes e assustadoras, que nadam e voam com desenvoltura ameaçadora, a cargo do especialista Patrick Tatopoulos (o mesmo criador dos monstros noturnos carnívoros de “Eclipse Mortal” e as criaturas sombrias de “Habitantes da Escuridão”).
As cenas de confronto entre os seres da escuridão e os invasores de seus domínios também merecem destaque, assim como o desfecho apropriado, apesar da previsibilidade na escolha dos sobreviventes, uma vez que sabemos que vários personagens possuem a função de servirem de comida para as criaturas predadoras. O roteiro teve a preocupação de guardar para o final uma revelação interessante que poderia servir de gancho para uma possível continuação, que não existiu.

(Juvenatrix - 02/02/2006)

Nenhum comentário:

Postar um comentário