Escrito originalmente em 02/02/2006.
“Abaixo do céu
há o inferno. Abaixo do inferno há a caverna.”
A tagline
promocional reproduzida acima é bem simples, porém é inegável que também é bem
criativa e que consegue despertar inicialmente no público admirador de cinema
fantástico, uma certa atração em conhecer o filme e descobrir como seria essa
“caverna”. E depois de alguns adiamentos, entrou em cartaz nos cinemas
brasileiros em 27/01/2006 o filme “A Caverna” (The Cave / Prime Evil, EUA / Alemanha / Romênia, 2005),
dirigido pelo estreante Bruce Hunt, apresentando novamente uma história (de
Michael Steinberg e Tegan West) que procura explorar os efeitos perturbadores
da escuridão em ambientes de claustrofobia.
Um grupo de
cientistas descobre as ruínas de uma igreja antiga, localizada no alto de uma
montanha remota no interior da Romênia. Ao investigarem o local, encontram a
entrada para uma imensa caverna aparentemente ainda desconhecida. Uma vez
esperando encontrar todo um ecossistema inexplorado, os cientistas convocam uma
expedição profissional americana com mergulhadores e especialistas em cavernas
para desbravarem as profundezas do gigantesco fosso sombrio.
A equipe é formada por seis
pessoas, tendo a liderança de Jack (Cole Hauser), e contando ainda com seu
irmão Tyler (Eddie Cibrian), a bela Charlie (Piper Perabo), o experiente Top
Buchanan (Morris Chestnut, de “Anaconda 2: A Caçada Pela Orquídea Sangrenta” ),
o especialista em informática Strode (Kieran Darcy-Smith), e o convencido
Briggs (Rick Ravanello). Eles se juntam com outras três pessoas, os cientistas
Dr. Nicolai (Marcel Iures) e Dra. Kathryn (Lena Headey), além do cinegrafista
Kim (Daniel Dae Kim). O grupo conta com uma sofisticada aparelhagem tecnológica
como auxílio e apoio na exploração da caverna, com equipamentos modernos de
comunicação, rastreamento, escalada e mergulho.
O que todos eles não
imaginariam eram as surpresas que encontrariam no interior da caverna,
primeiramente agradáveis com a incrível e deslumbrante beleza interior das
grutas, e depois perigosas e mortais após a ocorrência de um acidente com
explosão, que bloqueou a entrada e obrigou-os a seguir em frente em busca de
uma saída antes do término das provisões. Para complicar ainda mais a tensa
situação, surge um inesperado grupo de criaturas horrendas e violentas, ocultas
pelos cantos e que passam a espreitá-los, apenas aguardando uma oportunidade
para se apresentarem e sentir o gosto do sangue humano rasgando a carne com
suas garras.
“A Caverna” é
um filme acima da média e que tem algum destaque na filmografia de produções
similares que mostram um grupo de pessoas investigando um ambiente desconhecido
e habitado por monstros ávidos por suas carnes, com um enfoque maior para o
incômodo sentimento de claustrofobia de um lugar fechado e ameaçador, e a pressão
psicológica causada pelo medo e insegurança provenientes da escuridão. Um grupo
de vários filmes semelhantes entre si como “A Relíquia” (The Relic, 97), com
uma criatura animalesca perseguindo pessoas na escuridão de um museu com as
saídas bloqueadas, ou “Criatura” (Alien Lockdown, 2004), mostrando o confronto
entre um monstro alienígena e um grupo de soldados, com intensas perseguições
nos corredores escuros de uma base militar isolada, ou ainda o crossover “Alien
Vs. Predador” (2004), com um grupo de exploradores humanos descobrindo que
estão no meio de uma guerra entre alienígenas hostis, e que acabam tornando-se
também a caça de ambos, lutando por suas vidas numa complexa pirâmide
subterrânea, só para citar alguns poucos exemplos.
O elenco é bem
desconhecido com a maioria dos atores vindos de séries e filmes para a
televisão, a não ser por Cole Hauser, visto em outras produções mais
importantes como o drama de guerra “A Guerra de Hart”, com Bruce Willis e a
FC/Horror “Eclipse Mortal”, com Vin Diesel, mas que por sua vez ainda assim é
um ator apenas secundário e limitado. E tem uma cena envolvendo o líder do
grupo e “salvador da pátria” Jack, exatamente igual como visto no filme “Reino
de Fogo” (Reign of Fire, 2002), num confronto entre o herói Denton Van Zan
(Matthew McCounaghey) e um dragão.
Porém, por
outro lado, como fatores positivos, vale mencionar que a história prende a
atenção do espectador o tempo inteiro, acompanhando a tentativa da expedição de
encontrar uma saída do inferno em que se encontravam, muito abaixo da
superfície, e ameaçados por monstros predadores. O visual do interior da
caverna também é fascinante, com suas galerias imensas e profundas e rios
subterrâneos, além da concepção das criaturas, convincentes e assustadoras, que
nadam e voam com desenvoltura ameaçadora, a cargo do especialista Patrick
Tatopoulos (o mesmo criador dos monstros noturnos carnívoros de “Eclipse
Mortal” e as criaturas sombrias de “Habitantes da Escuridão”).
As cenas de
confronto entre os seres da escuridão e os invasores de seus domínios também
merecem destaque, assim como o desfecho apropriado, apesar da previsibilidade
na escolha dos sobreviventes, uma vez que sabemos que vários personagens
possuem a função de servirem de comida para as criaturas predadoras. O roteiro
teve a preocupação de guardar para o final uma revelação interessante que poderia
servir de gancho para uma possível continuação, que não existiu.
(Juvenatrix - 02/02/2006)
Nenhum comentário:
Postar um comentário