Entre meados dos anos 70 e
80 do século passado, foram lançados muitos filmes explorando o tema de animais
marinhos assassinos, inspirados pelo sucesso comercial de “Tubarão” (Jaws,
1975), de Steven Spielberg. Além da própria franquia criada por esse filme que
se tornou um clássico, com três sequências lançadas em 1978, 1983 e 1987,
tivemos ainda vários outros filmes como “Orca: A Baleia Assassina” (1977), “Piranha”
(1978), “Piranhas 2: Assassinas Voadoras” (1981), “O Último Tubarão” (1981), “O Peixe Assassino” (Killer Fish, 1979),
entre outros.
Esse último é uma bagaceira
co-produzida pela Itália, França e Brasil, com direção de Antonio Margueriti
(sob o pseudônimo Anthony M. Dawson), cineasta responsável por divertidas
tranqueiras italianas de ficção científica dos anos 60 como “Destino: Espaço
Sideral” e “O Planeta dos Desaparecidos”, lançadas num único DVD por aqui pela
“Works Editora” por volta de 2007. As filmagens ocorreram em Angra dos Reis
(RJ), e no elenco temos nomes conhecidos do cinema americano como Lee Majors (o
ciborgue da nostálgica série de TV “o Homem de Seis Milhões de Dólares”, 1974 /
1978), James Franciscus (“De Volta ao Planeta dos Macacos”, 1970), e Karen
Black (“A Casa dos 1000 Corpos”, 2003).
Na história, um grupo de
ladrões americanos de joias está no Brasil, formado principalmente por Lasky
(Lee Majors) e Kate Neville (Karen Black), além do mentor Paul Diller (James
Franciscus), ex-funcionário de uma refinaria de óleo que tem esmeraldas
guardadas num cofre. Eles roubam as pedras preciosas após explodirem reservatórios
de combustível na usina, aproveitando a confusão do incêndio. Para despistar as
autoridades policiais, eles escondem as pedras no fundo de um lago, para
retirarem somente depois que os movimentos de busca diminuíssem.
Mas, o lago está repleto de
piranhas, causando atritos e desconfiança no grupo de ladrões e espalhando o
horror para quem entrasse nessas águas, incluindo um barco de turismo que ficou
à deriva depois de enfrentar a fúria de um tornado. O barco estava levando
entre seus passageiros uma equipe profissional de sessão de fotos, com o fotógrafo
irritante Ollie (Roy Brocksmith), a modelo Gabrielle (Margaux Hemingway) e sua
empresária Ann (Marisa Berenson).
“O Peixe Assassino” tem um
roteiro muito simples e cheio de clichês, contando uma história banal sobre
ladrões de joias, com intrigas e traições entre eles, e com o elemento de
horror como pano de fundo através de piranhas assassinas comendo gente num lago
(aproveitando a onda no cinema naquele período, explorando criaturas aquáticas
carnívoras). O primeiro terço do filme é bastante arrastado, até que finalmente
acontece a primeira morte sutil provocada pelas piranhas. Mas, infelizmente
elas somente irão sangrar a tela com um pouco de violência mais para o final.
Aliás, num total de 100 minutos de projeção, poderia ter uma redução de pelo
menos 15 minutos, eliminando vários momentos tediosos sem envolver os peixes
assassinos, que certamente são o maior interesse no filme.
Os efeitos especiais são bem
toscos, mas garantem alguma diversão com as filmagens utilizando maquetes e
miniaturas no desastre da refinaria, e no rompimento de uma barragem por um
tornado falso, com uma consequente inundação que espalhou piranhas para todos
os lados. Também tem o fato hilário da performance totalmente desinteressada de
Lee Majors, um dos principais nomes do elenco, que no meio de cenas que
deveriam ser carregadas de tensão, com a ameaça mortal das piranhas, ele parece
excessivamente tranquilo e alheio ao perigo, eliminando qualquer credibilidade nos
momentos de ataques.
O filme recebeu também outro
título por aqui, “Perigo no Lago”, quando foi exibido na televisão. É uma
produção de baixo orçamento com história ambientada no Brasil e tem algumas
curiosidades como a menção ao dinheiro da época (final dos anos 70), o
cruzeiro, e a aparição no desfecho de um avião comercial da Varig, empresa que
controlou boa parte da aviação brasileira e que agora não existe mais. O ator
italiano Anthony Steffen (1930 / 2004), conhecido pelas inúmeras participações
em filmes do gênero “spaghetti western”, também fez parte do elenco de “O Peixe
Assassino”.
Apesar de todos os muitos defeitos,
“O Peixe Assassino” ainda vale uma conferida pelas cenas sangrentas com as
piranhas e pela curiosidade geral da ambientação da história no Rio de Janeiro.
(Juvenatrix – 07/05/20)
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