Um dos
escritores mais conhecidos e respeitáveis na literatura mundial de ficção
científica é o americano Philip Kindred Dick (1928-1982). Em seu currículo
figuram dezenas de romances e contos e algumas de suas histórias foram
adaptadas para o cinema, tendo como destaques os filmes “Blade Runner – O
Caçador de Andróides” (Blade Runner, 1982), dirigido por Ridley Scott e
estrelado por Harrison Ford, e “O Vingador do Futuro” (Total Recall, 1990), de
Paul Verhoeven e com Arnold Schwarzenegger.
Dessa vez, é
um conto escrito em 1956 que foi filmado e estreou nos cinemas brasileiros em
02/08/02. Trata-se de “Minority Report –
A Nova Lei” (Minority Report), um thriller de ficção científica dirigido
pelo especialista em entretenimento Steven Spielberg e protagonizado pelo astro
Tom Cruise, na primeira vez em que trabalham juntos.
A história é
ambientada numa Washington DC futurista onde em 2054 o índice de criminalidade
é zero não ocorrendo assassinatos há seis anos devido à ação de uma divisão de
elite da polícia chamada de “Pré-Crime”, que prende os infratores antes deles
cometerem seus delitos. Isso é possível graças às informações de premonição
captadas através de três paranormais mutantes denominados “Pré-Cogs”, frutos de
um programa experimental secreto, onde suas visões são digitalizadas e
utilizadas para identificar as futuras vítimas e respectivos assassinos antes
da consumação efetiva dos crimes.
Liderando essa
equipe especial está John Anderton (Tom Cruise), que acredita veementemente na
credibilidade do sistema devido aos resultados obtidos e por questões pessoais
já que teve uma tragédia familiar envolvendo seu filho e que culminou com a
separação da esposa, Lara (Kathryn Morris), e com o início de seu vício em
drogas para suportar seus conflitos interiores, e com a “Pré-Crime” ele poderia
ajudar a eliminar a criminalidade.
Porém, tudo
repentinamente muda quando ele próprio é denunciado como um futuro assassino,
ao mesmo tempo em que um detetive do Departamento de Justiça, Danny Witwer
(Colin Farrell), surge para questionar o sistema avaliando sua eficácia para
uma possível implantação no resto dos Estados Unidos. Anderton é acusado de um
futuro assassinato dentro de 36 horas de uma pessoa que ele nem conhece, e
então passa a ser perseguido por seus ex-companheiros de polícia, liderados
pelo oficial Fletcher (Neal McDonough).
Após muita
correria, perseguições, tiroteios, fugas espetaculares, reviravoltas e
surpresas na trama, a única saída de Anderton é tentar descobrir a verdade dos
fatos, procurando respostas seqüestrando até a principal “Pré-Cog”, Agatha
(Samantha Morton), e questionando agora a eficiência do sistema que ele sempre
defendeu ou provar a existência de uma possível conspiração.
“Minority Report”
é um thriller bem movimentado e complexo mostrando um futuro próximo com
belíssimos prédios, estradas e carros que incitam nossa imaginação (apesar do
acelerado ritmo de modernização tecnológica em curso, acho particularmente
difícil atingirmos o estágio proposto no filme daqui há 50 anos). Tom Cruise é
um bom ator e está novamente muito bem no papel do policial atormentado pela
perda do filho que passa de caçador à caça devido à acusação do programa de
“Pré-Crime” que tanto ele defendeu, e o elenco ainda tem as presenças marcantes
do veterano Max Von Sydow como Lamar Burgess, o diretor da organização e
personagem com importante participação na trama, de Peter Stormare como o
debochado cirurgião de transplantes ilegais de olhos (nessa época todos os cidadãos
são reconhecidos pela leitura da íris ocular), e da veterana Lois Smith como a
Dra. Iris Hineman, a criadora do projeto experimental dos “Pré-Cogs”.
Os efeitos
especiais são de grande qualidade, principalmente na visualização em tela de
cristal das imagens premonitórias dos videntes, na reprodução da imponente
cidade futurista e na seqüência onde várias pequenas aranhas cibernéticas
invadem um prédio à procura de John Anderton utilizando suas funções de
reconhecimento dos olhos de todos os moradores.
Uma
curiosidade é o fato do personagem de Tom Cruise ter seu rosto deformado
novamente, nesse caso para ajudar em sua fuga utilizando o efeito temporário de
uma química injetada na face, pois em seu filme anterior, o igualmente thriller
de ficção científica “Vanilla Sky”, um fato similar aconteceu com o personagem
David Aames que sofreu um acidente de carro e teve seu rosto desfigurado.
“Minority
Report” é uma bem sucedida parceria entre o rei de bilheterias Steven Spielberg
e o astro Tom Cruise, que vem mostrando cada vez mais suas qualidades
interpretativas (como na refilmagem de “Guerra dos Mundos”, em 2005, também de
Spielberg). É uma produção longa em seus 146 minutos, porém com uma história
inteligente baseada em obra do escritor Philip K. Dick, evidenciando um roteiro
ágil, interessante, movimentado e repleto de situações que prendem a atenção do
espectador, apresentando a complexidade de um futuro possível para a
humanidade, e garantindo um excelente entretenimento.
Observação: O filme
foi exibido pela primeira vez na televisão aberta em 26/12/05, pela TV Globo,
na sessão “Tela Quente”.
(Juvenatrix - 2002)
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