Numa época sem CGI, os efeitos dos monstros eram
obtidos pela trabalhosa técnica “stop motion”, que teve no especialista Ray
Harryhausen (1920 / 2013) o grande e eterno mestre. “O Vale Proibido” (The
Valley of Gwangi, 1969), dirigido por James O´Connolly, é um daqueles típicos
filmes da nostálgica “Sessão da Tarde” da TV Globo, uma aventura misturando
elementos de western, fantasia, horror e ficção científica. A história é ambientada
na virada do século 19 para 20, num vale proibido no México, onde dinossauros
esquecidos pelo tempo viviam tranquilamente, até que os homens descobrissem
essa região perdida e decidissem capturar um tiranossauro para exibição num
circo.
“Gwangi” (do título original) é uma palavra nativa
americana que significa “lagarto”, e tem referência ao vale onde ainda vivem
animais pré-históricos, e que não deveriam ser importunados para não despertar
uma maldição, conforme as palavras ameaçadoras de uma velha cigana cega, Tia
Zorina (Freda Jackson). O vale, cercado por montanhas em círculo, picos
gigantes e abismos profundos, ainda esconde monstros de uma época remota e que
estariam supostamente extintos. E, depois que um cavalo anão, apelidado de “El
Diablo”, é raptado dessa região inóspita com a intenção de ser apresentado como
atração bizarra de um circo, a supersticiosa cigana organiza uma ação para
devolvê-lo ao local de origem.
Em paralelo, a bela T. J. (a polonesa Gila Golan), que lidera uma
equipe de artistas circenses, ao lado de Champ (Richard Carlson) e de seu par
romântico, o cowboy galã Tuck Kirby (James Franciscus), reúne um grupo para
tentar capturar novamente o pequeno cavalo pré-histórico, e acabam encontrando
o vale. O grupo também tem a companhia de um cientista paleontólogo, o Prof.
Horace Bromley (Laurence Naismith), cujo interesse é estudar os animais de 50
milhões de anos atrás. Uma vez no vale proibido, eles enfrentam os ataques
mortais de um réptil voador (pteranodonte), e de um temível tiranossauro, que
está faminto por suas carnes. Porém, ele é capturado como atração de circo. Sem
estrutura adequada para mantê-lo preso, o monstro foge e espalha o caos,
causando grande confusão na cidade e experimentando a carne humana em sua
dieta.
Diversão garantida, principalmente pelos efeitos
especiais de Ray Harryhausen, dando vida aos impressionantes animais do mundo
perdido de um vale onde o tempo parou, com direito até a um confronto mortal
entre o tiranossauro e um elefante de nossos tempos.
“O Vale Proibido” é uma refilmagem de “The Beast of
Hollow Mountain” (1956) e sua história tem elementos que nos remetem a outros
filmes com ideias e temáticas similares. Como “O Mundo Perdido” (nas versões de
1925 e 1960), baseado em livro de Arthur Conan Doyle e que mostra uma região
perdida no Amazonas que abrigava animais pré-históricos. E também “King Kong”
(1933, e que teve versões mais modernas em 1976 e 2005), utilizando a ideia de
capturar o monstro para uma exibição pública, terminando inevitavelmente em
tragédia.
O ator James Franciscus é lembrado por seu papel do
astronauta Brent em “De Volta ao Planeta dos Macacos” (1970), Richard Carlson é
um rosto conhecido pelos divertidos filmes bagaceiros do cinema fantástico como
“The Magnetic Monster” (1953), “Veio do Espaço” (1953) e “O Monstro da Lagoa
Negra” (1954). Já o inglês Laurence Naismith esteve em “A Aldeia dos
Amaldiçoados” (1960) e “Jasão e o Velo de Ouro” (1963), outro clássico
memorável de Ray Harryhausen.
(Juvenatrix –
01/11/16)
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