O cineasta húngaro Tibor Takacs, que
foi o responsável pelo cultuado “O Portão” (The Gate, 1987) e outras
tranqueiras divertidas, teve como um de seus primeiros trabalhos a ficção
científica distópica “984 – O Prisioneiro do Futuro”, produzido em 1979 e
lançado em 1982, e que também tem o título original alternativo “The Tomorrow
Man”.
“Algum dia no futuro existirá uma
prisão de segurança máxima em algum lugar na América do Norte, mantendo
prisioneiro de um novo regime.”
Essa introdução já permite visualizar
a ideia central do filme: um futuro distópico, com o surgimento de um novo
modelo político autoritário, que pune com rigor e violência seus oponentes, sem
oportunidade de defesa ou comprovação de culpa.
Um executivo bem sucedido, Tom Weston
(Stephen Markle) é levado para uma prisão de segurança máxima controlada por
guardas robôs e administrada por um diretor sádico (Don Francks). Acusado de fazer
parte de um grupo de empresários ricos e conspiradores que querem derrubar o
governo liderado pelo Dr. Braxton Fontaine (Andrew Foot), que instaurou um
“mundo novo” com o regime político chamado “O Movimento”. Sem chance de se
defender, ele logo recebe a identificação numérica “984” (do título do filme), e
torna-se um prisioneiro que sofre interrogatórios com lavagem cerebral e
espancamentos (através do guarda Jeffries, interpretado por Stan Wilson) para
admitir seu suposto crime contra a humanidade. E também para servir de diversão
e alívio do tédio do diretor do presídio, que vigia tudo num sistema de
monitoramento com câmeras e insinua um mistério perturbador sobre o mundo
exterior.
O filme é claramente datado, onde
percebemos características que nos remetem ao final dos anos 70 e década de 80
do século passado. A produção é paupérrima e os robôs futuristas com os olhos
vermelhos que controlam o presídio são hilariantes de tão precários, se
movimentando com rodinhas nos pés. As ações se concentram no ambiente sinistro
e claustrofóbico da penitenciária, com uma atmosfera sufocante imposta pelas imensas
paredes de concreto, alternando para alguns momentos no mundo exterior em
flashbacks do personagem Tom Weston com sua família, no trabalho e em reuniões
conspiratórias.
A história básica é interessante,
mesmo sendo um clichê já muito explorado, e a intenção dos realizadores era
apresentar o filme como piloto para uma série de TV cujo projeto foi cancelado.
Curiosamente, ele não consegue se sustentar como longa metragem, com a sensação
de repetição causando um incômodo inevitável, e ainda temos um roteiro confuso
com informações soltas provavelmente de forma proposital para serem melhor
exploradas caso se transformasse numa série televisiva. O ideal seria a exibição
num formato menor, apenas como um episódio único de cerca de meia hora de
alguma outra série de TV com histórias envolvendo elementos fantásticos..
Apesar dos problemas, “984 –
Prisioneiro do Futuro” é um filme obscuro com uma atmosfera sombria e que
garante alguns bons momentos de entretenimento para os apreciadores do cinema
bagaceiro, principalmente nas cenas com os robôs toscos e no desfecho desolador
e depressivo.
(Juvenatrix – 13/11/16)
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