Um exemplar tosco e bagaceiro do cinema fantástico de
meados dos anos 1970, numa co-produção entre a antiga Iugoslávia e Estados
Unidos, dirigido e escrito pelo americano George Robotham (1921 / 2007), em seu
único trabalho nesse ofício, uma vez que sua carreira foi como ator de séries
de TV e principalmente dublê. Estamos falando de “A Maldição de Ghor” (Dark
Echoes), lançado no Brasil em VHS, com a típica história de uma pequena cidade
no meio das montanhas amaldiçoada por um fantasma zumbi vingativo.
Em 1874 um navio com cerca de oitenta pessoas afundou
num lago próximo de uma cidadezinha na Áustria. A culpa pelo naufrágio recaiu para
o capitão Manfred Ghor (Norman Marshall), que voltou do mundo dos mortos para
se vingar dos moradores da cidade, especialmente os descendentes dos promotores
responsáveis por sua condenação. Quando mortes violentas começam a acontecer,
aterrorizando a cidade e dando-lhe a fama de assombrada, um detetive da
polícia, Inspetor Woelke (Wolfgang Brook), coordena as investigações e chama
para ajudá-lo seu amigo americano Bill Cross (Joel Fabiani), que tem poderes
mediúnicos. Juntamente com uma jornalista, Lisa Bruekner (Karin Dor), eles
investigam os assassinatos, entrevistam os moradores como a misteriosa Sra.
Ziemler (a atriz húngara Hanna Hertelendy), que tem um corvo de estimação e
lidera um estranho culto secreto de feitiçaria, e tentam localizar o fantasma
do capitão Ghor.
A história é um grande clichê, sem novidades e
previsível do início ao fim, principalmente no desfecho. Mas, independente
disso, o filme até diverte justamente pelas características bagaceiras da
produção, somadas às atuações inexpressivas do elenco e dos efeitos toscos do
monstro assassino, com um trabalho risível de maquiagem, numa época sem
computação gráfica. Tem também boas cenas com mortes violentas como uma
decapitação sangrenta. A condução da investigação policial não empolga e é até
bem sonolenta, mas o filme tenta passar um clima sinistro no interior de
cavernas e nas ruínas de um castelo de uma pequena cidade atormentada por um
fantasma em busca de vingança contra seus algozes. Além de interessantes sequências
aquáticas quando um grupo de mergulhadores investiga o barco naufragado no
fundo do lago e é surpreendido pelo capitão Ghor apodrecido e ansioso para
aumentar sua coleção de vítimas.
As primeiras cenas de ataques do fantasma zumbi até
conseguem estabelecer um atmosfera sombria onde o assassino sobrenatural não é
visto, aparecendo apenas sua sombra e ouvindo seus grunhidos nos últimos
momentos que antecedem a morte das vítimas. E depois que ele é mostrado, com
uma maquiagem tosca de cadáver podre, suas aparições tornam-se os destaques do
filme, justamente pelas características bagaceiras. Vale conhecer o obscuro “A
Maldição de Ghor” por curiosidade e para comprovar como os efeitos toscos são
bem mais divertidos que o CGI vagabundo do cinema tranqueira do século XXI.
(Juvenatrix – 10/08/16)
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