“Veja: Os marcianos sequestram o Papai Noel! Oficina do Polo Norte do Papai Noel! A fantástica fábrica de brinquedos marciana! Crianças da Terra se encontrando com crianças de Marte! Viagem de nave espacial da Terra a Marte! Papai Noel transforma o robô de Marte em um brinquedo mecânico!” – slogan promocional
No cinema fantástico bagaceiro, a maioria dos filmes são divertidos justamente por causa da precariedade geral da produção, roteiro exagerado no escapismo e elenco amador, além principalmente dos monstros toscos de borracha e efeitos especiais e maquiagens risíveis. Mas, também existem aqueles filmes tão ruins que não conseguem divertir o suficiente. É o caso do patético “Papai Noel Conquista os Marcianos” (Santa Claus Conquers the Martians, 1964), que já começa pelo título sonoro e incomum que anuncia uma história absurda mais voltada para o humor com elementos de ficção científica.
Com direção de Nicholas Webster, o filme mostra as crianças marcianas entediadas com a overdose de conhecimentos que são obrigadas a receber através de máquinas acopladas as suas mentes. Sem diversão na infância e fascinadas com programas de televisão da Terra que mostram o Papai Noel (John Call) espalhando alegria e brinquedos para as crianças, elas por outro lado são tristes e apáticas, despertando a preocupação do líder dos marcianos, Kimar (Leonard Hicks), ao sentir o desânimo de seus filhos Bomar (Chris Month) e Girmar (Pia Zadora).
Para tentar resolver o problema, ele decide consultar um sábio ancião, Chochem (Carl Don), que recomenda uma expedição à Terra para trazer o Papai Noel na tentativa de divertir as crianças marcianas. Porém, o líder Kimar terá que administrar a oposição de um chefe conselheiro conservador, Voldar (Vincent Beck), que insiste em manter a disciplina guerreira de Marte.
Eles vão à Terra e sequestram duas crianças, Billy Foster (Victor Stiles) e sua irmã mais nova Betty (Donna Conforti), que ajudam a localizar o Papai Noel em sua fábrica de brinquedos no Polo Norte. De volta à Marte, eles implantam o espírito natalino e se divertem numa oficina automatizada de brinquedos, contando com a ajuda do atrapalhado Dropo (Bill McCutecheon), que sempre traz para si as cenas mais cômicas e que quer assumir o papel de Papai Noel marciano. Mas, terão que enfrentar também a ira persistente de Voldar e seus comparsas.
A diversão fica comprometida pela história patética, e o que pode talvez se salvar, para os apreciadores do cinema bagaceiro de ficção científica dos anos 50 e 60 do século passado, são os elementos típicos como as roupas coloridas ridículas e os capacetes fuleiros com antenas que os marcianos usam. O líder ainda tem uma capa adicional no estilo dos super-heróis. Tem também a bizarra arquitetura interna das casas, com aberturas ovalizadas servindo de portas e móveis arredondados. E a espaçonave ultra tosca com os cenários internos repletos de luzes piscando, painéis com botões, alavancas e mostradores analógicos. Ainda tem um urso polar exageradamente tosco (um ator vestindo uma péssima fantasia) e um robô chamado Torg, que aparece pouco em cena e está entre os piores do cinema bagaceiro de FC (um ator dentro de uma caixa metálica com dois mostradores com os ponteiros fixos e um balde na cabeça). Apesar de todas essas tranqueiras que divertem nos filmes bagaceiros, “Papai Noel Conquista os Marcianos” não desperta atenção pelo roteiro banal e carregado de humor infantil.
O filme está em domínio público e foi lançado em DVD no Brasil em 2007 pela “Works / London / Dark Side” em sua “Sci-Fi Collection”, num mesmo disco trazendo a tranqueira “Os Adolescentes do Espaço” (Teenagers From Outer Space, 1959), de Tom Graeff. De material extra tem a sinopse e biografias dos atores Bill McCutecheon e Pia Zadora (que virou cantora).
(Juvenatrix – 02/10/21)
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