No final da década de 50 do século
passado, o cinema de Horror enfrentava uma crise com perdas de audiência para a
televisão. Nessa época, a produtora inglesa “Hammer”, sob a liderança dos
executivos Michael Carreras e Anthony Hinds, decidiu revitalizar o gênero
trazendo novamente às telas do cinema os famosos monstros consagrados pelo
estúdio americano “Universal” com seus filmes em fotografia em preto e branco. Dessa
forma, os famosos ícones populares do Horror voltaram, e novos filmes foram
produzidos com “Drácula”, “Criatura de Frankenstein”, “Múmia”, “Fantasma da
Ópera”, “Lobisomem”, e outros. Porém, dessa vez com fotografia em cores e destacando
o vermelho do sangue, surgindo clássicos absolutos do Horror gótico como “A
Maldição de Frankenstein” (1957) e “O
Vampiro da Noite” (1958), lançando atores que se transformaram em lendas do
gênero como Christopher Lee e Peter Cushing. Além de diretores que se tornaram
nomes conhecidos como Terence Fisher, o principal cineasta do estúdio, e
roteiristas como Jimmy Sangster.
A história é baseada no famoso livro de
Bram Stoker, mas nesse caso com alguma liberdade de criação artística e alterações
que não prejudicaram. Jonathan Harker (John Van Eyssen) vai trabalhar como
bibliotecário no castelo do Conde Drácula (Christopher Lee), numa cidadezinha
alemã, para supostamente catalogar os livros de seu acervo. Ele tem um encontro
tenso tanto com seu anfitrião quanto com uma vampira escravizada (Valerie
Gaunt). Drácula conhece a noiva de Harker através de uma foto, Lucy Holmwood
(Carol Marsh), e fica obcecado por ela, decidindo viajar para a Inglaterra a
sua procura. Lá, conhece também seu irmão Arthur (Michael Gough) e a esposa Mina
(Melissa Stribling), que se transforma em mais uma de suas vítimas vampirizadas.
Para combatê-lo, surge o Prof. Van Helsing (Peter Cushing), estudioso de
vampirismo e que tenta salvar Lucy das garras do “vampiro da noite”.
Como
infelizmente uma infinidade de filmes com vampiros contribuíram para
desqualificar a mitologia tradicional dessas criaturas da noite, é extremamente
louvável que a “Hammer” e seu clássico “O Vampiro da Noite” tenha respeitado alguns
dos elementos típicos do vampirismo, como aversão ao sol, ao cheiro do alho, ao
crucifixo como símbolo religioso do bem contra o mal, e a evidência da tão
temida estaca de madeira cravada no coração como ato de destruição de um
vampiro.
Ao contrário do igualmente clássico de
Tod Browning lançado em 1931, com fotografia em preto e branco e Bela Lugosi interpretando
magistralmente Drácula, e que tinha interpretações teatrais do elenco e uma
narrativa mais pausada, o filme de 1958 da “Hammer” tem mais ação e cenas com
violência e sangue. Como quando Drácula agride uma vampira escravizada em seu
castelo, jogando-a brutalmente no chão, além dos vários momentos onde o sangue
escorre das vítimas do conde vampiro.
Christopher Lee (1922 / 2015) aparece e
fala pouco, mas todas as suas cenas são sinistras e marcantes. Com sua atuação
como Drácula nesse e em vários outros filmes, tanto da “Hammer” como de outras
produtoras, ele registrou para sempre seu nome na história do cinema de Horror
e vampirismo. Seu parceiro de muitos filmes, Peter Cushing (1913 / 1994),
também se tornou outro ícone do Horror e é muito lembrado pelas diversas
performances como Van Helsing, o eterno inimigo de Drácula. O confronto final
entre eles em “O Vampiro da Noite” é antológico.
Aliás, esse filme inaugurou uma série da
“Hammer” com Drácula e foi seguido por “As Noivas do Vampiro” (The Brides of
Dracula, 1960, esse sem Christopher Lee e com David Peel interpretando um
descendente de Drácula), “Drácula, o Príncipe das Trevas” (Dracula, Prince of
Darkness, 1965), “Drácula, O Perfil do Diabo” (Dracula Has Risen From the
Grave, 1968), “O Sangue de Drácula” (Taste the Blood of Dracula, 1970), “O
Conde Drácula” (Scars of Dracula, 1970), “Drácula no Mundo da Mini Saia”
(Dracula AD 1972), “Os Ritos Satânicos de Drácula” (The Satanic Rites of
Dracula, 1973), e “A Lenda dos Sete Vampiros” (The Legend of the 7 Golden
Vampires, 1974, esse também sem Christopher Lee, e com John Forbes-Robertson em
seu lugar).
(Juvenatrix – 19/11/18)
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