Sturges (John Harmon) é um homem viúvo que administra
o funcionamento de um farol instalado numa construção à beira do mar, com o
objetivo de alertar as diversas embarcações durante a noite sobre o perigo de
acidentes contra os rochedos, responsáveis por muitos naufrágios. Ele tem uma
jovem e bela filha, Lucille (Jeanne Carmen), que trabalha de garçonete num
restaurante da pequena vila próxima, e é a namorada do jovem bioquímico Fred
(Don Sullivan, das bagaceiras “O Gigante Monstro Gila” e “Teenage Zombies”).
Quando assassinatos misteriosos e violentos começam a ocorrer na região, com
vítimas degoladas e sem sangue, os moradores do vilarejo, especialmente o dono
de um açougue, Kochek (Frank Arvidson), ficam assustados e creditam a
responsabilidade das mortes para um lendário monstro que habita as cavernas nos
penhascos logo abaixo do farol. Como Sturges parece esconder um terrível
segredo, ele não é bem visto pelos habitantes, enfrentando problemas de
relacionamento.
Mais mortes estranhas acontecem e o xerife George
Matson (Forrest Lewis) está liderando as investigações, sempre fumando seu
charuto e bastante intrigado pelas cabeças cortadas com precisão e a ausência
de sangue nos cadáveres. Ele é auxiliado pelas perícias e análises do médico
Dr. Sam Jorgenson (o inglês Les Tremayne, visto em outras bagaceiras divertidas
do período como “Rastros do Espaço” e “Viagem ao Planeta Proibido”, além do
clássico “A Guerra dos Mundos”). Devido ao crescente perigo ameaçando os moradores
da pequena vila, e para interromper os assassinatos violentos, eles organizam
um grupo para caçar o monstro.
Dirigido por Irvin Berwick, com fotografia em preto e
branco e curto (apenas 71 minutos), “O Monstro de Pedras Brancas” é mais um
daqueles típicos filmes bagaceiros indispensáveis dos saudosos anos 50 do
século passado, com seu roteiro simples e cheio de clichês, onde basicamente
uma pequena cidade próxima do mar é atacada por um monstro carnívoro. E para os
apreciadores dessas tranqueiras, a diversão está garantida justamente por esse
tipo de história e pelos efeitos toscos de maquiagem com mortes violentas para
a época, com um ator alto vestindo uma fantasia de borracha para interpretar o
monstro assassino. Nesse caso, o trabalho é do ator Pete Dunn, que interpreta
também outro personagem no filme, Eddie, um ajudante do açougue. Aliás, a
concepção do monstro foi inspirada na criatura do clássico “O Monstro da Lagoa
Negra” (Creature From the Black Lagoon, 1954), onde percebemos muitas similaridades.
Isso pode ser explicado pelo fato do técnico em efeitos de maquiagem Jack
Kevan, ter trabalhado na equipe que criou o famoso monstro que vivia nas águas
escuras de uma região remota na Amazônia, e ele é o produtor de “O Monstro de
Pedras Brancas”. Por curiosidade o nome do filme refere-se às rochas abaixo do
farol, que pareciam brancas pela grande quantidade de gaivotas desorientadas
que se lançavam para a morte à noite contra as pedras.
O monstro é uma mutação da família dos
diplovertebrons, uma raça pré-histórica anfíbia extinta, e de tão tosco
consegue despertar aquele bem vindo sentimento de nostalgia dos incontáveis
filmes de baixo orçamento que eram produzidos com histórias parecidas, e que
divertiam pelas características bagaceiras. E não falta a tradicional cena onde
o monstro caminha carregando em seus braços a mocinha indefesa e desacordada.
Numa época que não existia computação gráfica, os
efeitos eram toscos pela falta de recursos técnicos e indisponibilidade de
investimentos para resultados com mais qualidade, mas ainda assim eram
infinitamente mais divertidos. Até mesmo pela ingenuidade das histórias
absurdas, quando em comparação com o cinema fantástico bagaceiro do início do
século 21 com efeitos em CGI que não despertam o mesmo interesse pelo excesso
de artificialidade, e que facilitam o trabalho preguiçoso dos realizadores em
tentar contar uma história melhor.
Em 2005 foi lançado “The Naked Monster”, que é uma
homenagem aos filmes “B” da década de 1950, com a participação de muitos atores
veteranos, os quais tornaram possíveis e imortalizadas aquelas tranqueiras
divertidas do passado. Com uma ideia de comédia de ficção científica e horror,
o filme homenageia “O Monstro de Pedras Brancas” numa cena passada num farol,
com os atores originais John Harmon e Jeanne Carmen. Curiosamente, um dos
diretores dessa paródia é Wayne Berwick (filho de Irvin Berwick), que também
esteve no filme de 1959, num papel menor interpretando o garoto Jimmy, que era
manco de uma perna e corria aos gritos avisando para todos que o monstro tinha
assassinado outra vítima.
Também por curiosidade, vale citar que antigamente eu
visitava os sebos do centro de São Paulo à procura de raridades sobre cinema
fantástico, e comprei um poster gigante (70 x 90 cm ) nacional e da época de
lançamento do filme, com uma arte desenhada destacando o rosto do monstro. “O
Terror Invade a Praia... Surge das Profundezas... O Monstro de Pedras Brancas”.
(Juvenatrix –
07/09/16)
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