Os tubarões são os animais mais maltratados pelos roteiristas no
cinema. São tantos os filmes ruins abordando essas feras do mar que uma missão
de catalogação é bem difícil. Esses animais foram transformados em fantasmas,
zumbis, demônios, monstros geneticamente modificados, criaturas pré-históricas,
assassinos que habitam lagos e rios, criaturas que se locomovem através de
tornados e avalanches, surgem debaixo da areia, e inúmeras outras coisas
absurdas. Quase em sua totalidade, os filmes são patéticos ao extremo, e em
alguns poucos e raros casos até proporcionam alguma diversão discreta
justamente por suas características bagaceiras.
Não é o caso de “O Lago dos Tubarões” (Shark Lake, 2015), dirigido
por Jerry Dugan. Aqui, a regra se mantém como um filme sem atrativos e
totalmente descartável, tendo como único diferencial a presença no elenco do
ator sueco Dolph Lundgren (das franquias “O Soldado Universal” e “Os
Mercenários”), que aparece no cartaz apelativo estampando seu rosto para tentar
chamar a atenção dos fãs. Ele que é um ator conhecido pelos filmes de ação com
tiroteios, porradas, perseguições e explosões para todos os lados, mas que
pertence a um escalão menor, ficando o topo desse gênero do cinema para astros
lendários como Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger. Uma vez precisando
de trabalho, Lundgren obviamente aceitou o papel, independente da história ruim
e precariedade geral da produção, e teve como resultado apenas mais um filme
que não agrega nada em sua carreira.
Ele
é o viúvo Clint Gray, que passou cinco anos preso por fazer parte de um esquema
de tráfico de animais, deixando sua filha pequena Carly (Lily Brooks O´Briant)
para ser cuidada pela policial Meredith Hernandez (Sara Lane), xerife de uma
pequena cidade americana no Estado de Nevada. As coisas começam a se complicar
quando ocorrem mortes sangrentas misteriosas num lago, creditadas inicialmente
e de forma equivocada para um urso. Porém, com a investigação de um professor
de oceanografia, Peter Mayes (Michael Aaron Miligan), descobre-se logo que a
autoria dos assassinatos brutais no lago é de uma família de tubarões (nem é
“spoiler”, pois o título do filme já entrega a revelação). Resta ao herói Clint
salvar a cidade da ameaça das feras aquáticas.
A
história é carregada de clichês que não despertam interesse. As cenas de mortes
não impressionam. Os efeitos em CGI vagabundo não convencem e só contribuem
para tornar a produção ainda mais descartável. Tudo é muito óbvio e sem graça,
num convite ao sono. Dolph Lundgren nem é o protagonista, ele aparece pouco e
sua participação resume-se ao velho clichê de um personagem canastrão metido a
durão, e que luta com os tubarões de borracha numa cena tão patética que dá
pena. “O Lago dos Tubarões” certamente está entre os piores de todos os filmes
ruins com tubarões, mesmo sem exagerar nas ideias absurdas que normalmente o
cinema utiliza para ridicularizar essas feras das águas. Mas, a história é tão
desinteressante que o resultado foi apenas mais um filme destinado ao limbo dos
esquecidos.
(Juvenatrix – 26/07/16)
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