quarta-feira, 3 de novembro de 2021

A Virgem e os Mortos (A Virgin Among the Living Dead, França, 1973)

 


“Gosto de noites escuras. Lembre-se, os abutres sobrevoam os locais de morte. Eu quase ouço o barulho de suas asas.”

 

O cineasta espanhol Jesús Franco (1930 / 2013) tem um currículo imenso como diretor e roteirista, principalmente de filmes bagaceiros de horror com qualidade questionável e orçamentos reduzidos. Vários deles em parceria com o ator suíço Howard Vernon, como “A Virgem e os Mortos” (A Virgin Among the Living Dead (França, 1973).

 

 A jovem Christina Benton (Christina von Blanc) recebe a notícia da morte misteriosa de seu pai, Ernesto (Paul Muller), que não conhecia pessoalmente, e vai para o sinistro e isolado castelo de sua família num local remoto para participar da leitura do testamento. Chegando lá, ela conhece seu tio Howard (Howard Vernon) e outros parentes como a tia (Rosa Palomar) e a bela Carmencé (a portuguesa Carmen Yazalde, creditada como Britt Nichols), além do tosco empregado Basilio (muito bem interpretado pelo diretor Jesús Franco), que fala com dificuldade e tem um comportamento estranho, e da jovem Linda, uma misteriosa garota cega (Linda Hastreiter). Christina sofre com pesadelos terríveis e mistura o tempo todo a realidade com devaneios onde mensagens de seu pai falecido, alertando-a dos perigos que rondam o castelo e a estranha família.

 

“A Virgem e os Mortos” é um título que já é “spoiler” ao revelar o drama da mocinha atormentada pelos mortos-vivos do castelo. É um daqueles filmes “exploitation” bagaceiros cujos cartazes promocionais chamativos despertam a curiosidade (é só ver a bela capa do DVD nacional), além de uma história com elementos interessantes envolvendo o mistério de uma família bizarra num castelo gótico com atmosfera onírica perturbadora. Só que o filme entrega um pouco menos do que se espera pelas boas premissas. O ritmo narrativo é algumas vezes excessivamente lento e a confusão constante entre realidade e pesadelo atrapalha o entendimento da história.

Por outro lado, temos uma boa dose de cenas de nudez das belas atrizes, especialmente Christina von Blanc, que é muito bonita, mas que teve uma carreira bem curta. E além do desfecho pessimista e carregado com uma atmosfera macabra, existe um desconfortável sentimento de morte e horror na maior parte do tempo, acentuado pelas boas atuações dos experientes atores Howard Vernon e Paul Muller, que interpretaram respectivamente o tio misterioso e o pai suicida da protagonista Christina.

Vale a pena registrar duas cenas em especial, que se destacam de forma convincente na construção de um clima de horror, ambas com o ator Paul Muller fazendo aparições fantasmagóricas ao se comunicar com a filha em suas visões. A primeira ocorre na floresta que cerca o castelo, onde ele com uma bizarra corda no pescoço se movimenta para trás como um cadáver flutuando em meio às árvores, e a outra cena é quando ele está sentado numa cadeira e é arrastado para a escuridão pela sinistra “Rainha da Noite” (Anne Libert), se ocultando no limbo das sombras.

 

O filme foi lançado em DVD no Brasil pela “Vinny Filmes” em Janeiro de 2012, na coleção “Clássicos do Terror”, sem material extra, numa versão reduzida com 75 minutos de duração. Existe outra versão com cenas adicionais dirigidas pelo francês Jean Rollin.

 

(Juvenatrix – 03/11/21)





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