“Eu pretendo refutar as velhas teorias sobre a evolução da vida e a origem da força vital e reformulá-las simplesmente em termos de química biofísica como ações e reações químicas controladas por impulsos externos.” – Barão Frankenstein.
O cultuado estúdio inglês “Hammer” é conhecido principalmente por seus incontáveis filmes com atmosfera e ambientação gótica, e pela exploração dos famosos monstros do cinema de horror, consagrados anteriormente pela produtora americana “Universal”.
Sua série de filmes baseados na famosa história de Mary Shelley, “Frankenstein”, tem sete filmes no total: “A Maldição de Frankenstein” (1957), “A Vingança de Frankenstein” (1958), “O Monstro de Frankenstein” (The Evil of Frankenstein, 1964), “Frankenstein Criou a Mulher” (1967), “Frankenstein Tem Que Ser Destruído” (1969), “Horror de Frankenstein” (1970) e “Frankenstein e o Monstro do Inferno” (1974).
O terceiro filme da série foi dirigido por Freddie Francis e estrelado novamente pelo ícone Peter Cushing no papel do “cientista louco” obcecado pela criação de vida artificial, a partir de um monstro formado por partes de cadáveres.
O Barão Frankenstein (Cushing) e seu jovem assistente Hans (Sandor Elès), estão envolvidos em experiências bizarras de reanimação de um coração retirado de um cadáver recente, mas logo são descobertos por um padre (James Maxwell) e são obrigados a fugir. O barão decide retornar, após dez anos de ser expulso, ao seu castelo próximo da cidade de Karlstaad, onde reencontra seus antigos opositores, o prefeito do vilarejo (David Hutcheson) e o agora chefe de polícia (Duncan Lamont).
O cientista insiste em continuar seu macabro trabalho após encontrar congelado numa geleira a criatura (Kiwi Kingston) de suas antigas experiências, graças a ajuda de uma jovem mulher surda (Katy Wild), maltratada pelos aldeões, e que auxiliou na fuga do cientista e seu assistente ao indicar uma caverna como refúgio da perseguição policial.
Retomando seus experimentos com a reanimação do monstro no laboratório do castelo através da captura de energia elétrica de um raio de uma forte tempestade, o cientista é obrigado a utilizar os serviços de um hipnotizador ganancioso e traiçoeiro, Zoltan (Peter Woodthorpe). Ele é o único capaz de controlar a mente da criatura, incitando-a depois a roubar artefatos valiosos no vilarejo e atacar as autoridades, contra a vontade do Barão Frankenstein, gerando um conflito trágico entre o cientista, seu monstro distorcido e os aldeões furiosos.
Para quem é apreciador do estilo, os filmes góticos da “Hammer” acabam sempre despertando grande interesse, independente até do roteiro, graças aos elementos característicos comumente encontrados, sendo nesse caso o imponente castelo sombrio e maltratado pelo tempo e abandono e o laboratório do “cientista louco” repleto de equipamentos bizarros.
A história desse “O Monstro de Frankenstein” desconsidera os eventos dos dois filmes anteriores, que por sua vez possuem ligação direta. A decisão dos realizadores foi agora optar pela liberdade de criação artística nesse universo ficcional do cientista e seu monstro.
Ao contrário do filme imediatamente anterior, “A Vingança de Frankenstein”, lançado seis anos antes, o visual da criatura interpretada por Kiwi Kingston voltou para um estilo mais macabro, repleto de cicatrizes, remendos e deformidades, lembrando um pouco o monstro interpretado pelo ator Boris Karloff nos filmes da “Universal”, explicado pelo fato do grande estúdio americano ser o distribuidor do filme e por isso finalmente ter liberado os direitos sobre a maquiagem do monstro e dos aparelhos científicos do laboratório.
Parte dos cenários do filme foram reaproveitados em “A Górgona”, também de 1964 e um dos melhores filmes da produtora, dirigido por Terence Fisher e novamente com Peter Cushing, dessa vez contracenando com Christopher Lee.
“O Monstro de Frankenstein” foi lançado no Brasil em DVD pela “NBO”, que utilizou uma capa oportunista evidenciando uma ilustração estilizada de Boris Karloff, em vez de mostrar alguma foto da criatura do próprio filme em questão. De material extra, temos biografias do diretor Freddie Francis e dos atores Peter Cushing e Duncan Lamont.
(Juvenatrix – 13/09/21)
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