Em 2016, recebi o telefonema da jornalista Katia Regina Souza que queria colher depoimentos sobre minha atividade editorial com ficção fantástica. Tinha ficado com a impressão que era para um artigo de algum jornal de Porto Alegre, que é a terra da jornalista, por isso fiquei positivamente surpreso quando soube que se tratava de um trabalho acadêmico sobre o mercado de fc&f no Brasil e que geraria um livro. E fiquei ainda mais impressionado quando um exemplar de A fantástica jornada do escritor no Brasil, publicado pela editora Metamorfose, desembarcou aqui em casa, gentilmente enviado pela autora, a quem agradeço duplamente: pelo volume em si, que é muito bacana, e também porque muitas de minhas falas estão fielmente reproduzidas ali. Mas o significado do livro vai muito além de uma massagem no ego.
Ocorre que o volume é, de fato, um profundo ensaio de 178 páginas, cuidadosamente elaborado com detalhes colhidos em dezenas de entrevistas que a autora realizou ao longo de mais de um ano, com autores e editores de várias regiões do país que atuam no segmento: Ana Cristina Rodrigues, Ana Lúcia Merege, André C. S. Santos, André Vianco, Anna Fagundes Martino, Artur Vecchi, Bárbara Morais, Becca Mackenzie, Camila Fernandes, Camila Guerra, Carlos Orsi, Celly Borges, Cesar Silva, Christopher Kastensmidt, Cirilo Lemos, Clara Madrigano, Claudia Dugim, Clinton Davisson, Cristina Lasaitis, Duda Falcão, Eduardo Kasse, Eduardo Spohr, Eric M. Souza, Eric Novello, Erick Sama, Fábio M. Barreto, Felipe Castilho, FML Pepper, Gianpaolo Celli, Giulia Moon, Helena Gomes, Jana P. Bianchi, Jim Anotsu, Ju Lund, Karen Alvares, Lauro Kociuba, Marcella Rossetti, Marcelo Amado, Marcus Barcelos, Martha Argel, Nikelen Witter, Peterson Rodrigues, R. F. Lucchetti, Regina Drummond, Richard Diegues, Roberta Spindler, Roberto de Sousa Causo, Rodrigo van Kampen, Rosana Rios, Simone O. Marques, Simone Saueressig e Thais Lopes.
As entrevistas foram fragmentadas e suas partes distribuídas ao longo de oito capítulos: "O papel do editor"; "A publicação tradicional"; "A publicação independente"; "Panorama da literatura fantástica brasileira; "O processo criativo"; "Divulgando o trabalho"; "Como sobreviver às críticas negativas" e "O fim da jornada?". O texto é agradável, otimista e com brilho jornalístico, sem o peso que se espera de um texto acadêmico.
Apesar da proposta da autora de produzir um manual para novos autores – confissão expressa na primeira orelha –, o resultado é um valioso instantâneo do estado da ficção fantástica brasileira contemporânea, que pode servir como farol para autores e editores em atividade, sejam eles novos ou veteranos. Este é realmente um livro que todos precisam ler.
— Cesar Silva
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