“Quando um MacGrieff é morto por alguém de seu
próprio sangue, não morre, mas torna-se vampiro, para vingar a própria morte.”
Numa co-produção de três países
europeus, Itália, França e Alemanha Ocidental (na época ainda não era
unificada), e direção de Antonio Margheriti (creditado como Anthony M. Dawson),
“Sete Mortes Nos Olhos de Um Gato” (La
Morte Negli Occhi del Gatto, 1973) é um daqueles divertidos filmes com mortes
misteriosas e investigação policial numa
ambientação típica de horror gótico e maldição familiar.
Uma antiga e tradicional família do
interior da Escócia, os MacGrieff, cujo brasão mostra um temível vampiro, vive
num imenso castelo chamado “Dragonstone”, uma construção de pedras localizada
no alto de um penhasco, constantemente cortada por ventos uivantes. A
proprietária Lady Mary (a francesa Françoise Christophe) está falida e precisa
de dinheiro para manter o castelo, aconselhada a vender o imóvel pelo Dr. Franz
(o alemão Anton Diffring), médico da família. Ele está cuidando do jovem Lord
James (o americano Hiram Keller), filho de Lady Mary, recluso e considerado doente,
perturbado com o tratamento que recebe, e com um passado sinistro envolvendo a
morte suspeita de sua irmã quando criança.
No castelo ainda vive como hóspede a
bela Suzanne (a alemã Doris Kunstmann), contratada como professora de francês,
mas que tem atitudes suspeitas e objetivos obscuros. Além do serviçal Angus (o
italiano Luciano Pigozzi, creditado como Alan Collins), o mordomo Campbell (o
alemão Konrad Georg, creditado como George Korrade) e sua esposa Janet (a
italiana Bianca Doria). Outros convidados são Lady Alicia (a italiana Dana
Ghia), a irmã rica de Lady Mary, que costuma passar as férias no castelo, mas
não quer emprestar dinheiro para salvar a irmã falida, e o padre Reverendo
Robertson (o italiano Venantino Venantini), que costuma visitar o castelo
representando a igreja católica e para manter as relações políticas com o que
restou da nobre família MacGrieff.
Para aumentar a lista de hóspedes chega
ao castelo também a bela jovem Corringa (a inglesa Jane Birkin), uma estudante
recém-expulsa de um colégio de freiras, filha de Lady Alicia. Ela chega sem
avisar e surpreende todos. Porém, o ambiente torna-se conturbado quando começam
a ocorrer assassinatos misteriosos no interior do imenso castelo, repleto de
quartos escuros e passagens secretas, todos testemunhados pelos olhos de um
gato amarelo que pertence à família (daí o título do filme).
A série de mortes desperta a atenção da
polícia local, com a investigação do inspetor (o francês Serge Gainsbourg) e todos
são considerados suspeitos, especialmente os membros da família MacGrieff,
historicamente atormentados por uma lenda que diz que depois de assassinados,
eles transformam-se em vampiros, voltando do túmulo para vingar suas mortes.
“Sete Mortes Nos Olhos de Um Gato” tem um
título sonoro, ideia bastante utilizada no cinema fantástico italiano da década
de 1970. E temos uma mistura de história policial envolvendo mortes
misteriosas, com horror gótico no melhor estilo desse fascinante sub-gênero,
não faltando a tradicional maldição familiar com a especulação constante de
motivações sobrenaturais de lendas e folclores obscuros para justificar os
acontecimentos macabros.
Temos aquela divertida atmosfera gótica
com seus elementos tradicionais, mortes estranhas, os olhos de um gato como
testemunha, clima de conspiração entre os suspeitos variados, e até um gorila
adquirido de um circo, para servir de criatura oculta nas sombras aumentando a
tensão no interior do castelo.
O elenco é internacional, com representantes
de vários países. O cineasta italiano Antonio Margheriti (1930 / 2002) é
conhecido pela carreira repleta de divertidas bagaceiras do cinema fantástico,
geralmente utilizando o pseudônimo Anthony M. Dawson. De seus incontáveis filmes
podemos citar “Destino: Espaço Sideral” (1960), “O Planeta dos Desaparecidos”
(1961), “A Mansão do Homem Sem Alma” (1963), “Dança Macabra” (1964), “Carne
Para Frankenstein” (1973), “Cannibal Apocalypse” (1980), “Yor, o Caçador do
Futuro” (1983), e “Alien From the Deep” (1989), entre outros.
“Quando um gato segue o caixão, o falecido é um
vampiro.”
(Juvenatrix – 29/01/18)
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