Roberto de Sousa Causo fala sobre os 30 anos de sua carreira literária e as perspectivas da ficção científica brasileira
por
Marcello Simão Branco
Conheço o Causo desde setembro de 1987,
faz tempo, a partir de uma reunião mensal do Clube de Leitores de Ficção Científica,
em São Paulo. Artista e militante em tempo integral, fez tudo e mais um pouco
em prol da ficção científica e fantasia no país desde então. O que se faz com
as perguntas a seguir é além de celebrar a longevidade de sua carreira,
reconhecer sua importância, que se confunde com a trajetória e desenvolvimento
do gênero no país. Pois se ele, numa visão de conjunto, se estabeleceu como um
dos nossos autores mais relevantes, tem uma contribuição multiforme, e não
menos significativa: fã, fanzineiro, ilustrador, crítico e ensaísta, editor,
tradutor, pesquisador acadêmico, organizador de eventos. Poucas pessoas têm uma
condição semelhante em nossa comunidade, e também por isso – concorde-se ou não
com algumas de suas posições e argumentos, que lhe renderam polêmicas pesadas no
passado –, ele tem uma sólida legitimidade.
Na entrevista a seguir Causo repassa sua
trajetória, em especial como escritor e suas principais características
temáticas, as influências que recebeu e sua postura democrática e diversificada
em relação à FC, em parte responsável também por sua abertura e disposição em
realizar tantas atividades. Mas responde, principalmente, sobre aspectos mais
recentes da FCB e suas perspectivas para que conquiste mais espaço editorial, leitores
e renovação de autores e ideias, no intuito de almejar uma condição de mais
reconhecimento no meio literário e cultural brasileiro.
Você
completou 30 anos de carreira profissional em 2019 escrevendo FC&F no
Brasil. O que isso significa para um escritor no qual os gêneros são tão pouco
valorizados, e que tipo de paralelo é
possível fazer entre a sua trajetória e a da FC&F brasileira neste período?
Carreiras
nacionais com esse tempo são raras, então imagino que eu seja um sobrevivente dos
percalços desse campo. Tem gente ainda em atividade de um modo ou de outro, que
tem mais tempo de estrada: Finisia Fideli, Jorge Luiz Calife, Daniel Fresnot,
Simone Saueressig, Carlos Emílio Correia Lima, Braulio Tavares; e
contemporâneos meus, Gerson Lodi-Ribeiro, Fábio Fernandes, Henrique Flory e uns
poucos outros. As coisas eram bem diferentes em 1989, as portas muito mais
estreitas – tanto que minha estreia foi com um conto publicado na revista
francesa Antarès, na qual também
apareceram André Carneiro, Walter Martins, Calife e Lodi-Ribeiro.
Sou um autor
típico da Segunda Onda da FC Brasileira, eu acho. Com influências populares,
muita visualidade e um conhecimento da história, da evolução e das questões
próprias da ficção científica e fantasia, que baliza a minha produção. Testemunhei
o surgimento da Terceira Onda com algum atrito inicial, mas pela boa vontade de
editores como Douglas Quinta Reis, Erick Sama, Richard Diegues & Gianpaolo
Celli, Samir Machado de Machado, Claudio Brites, Duda Falcão & Cesar
Alcázar e Nelson de Oliveira, pude contribuir para algumas das iniciativas
características desse momento ainda vigente da FC brasileira – o steampunk, as séries de antologias
originais, a fantasia folclórica. Mas acho que mantendo a minha cara e minhas
áreas de interesse.
Tenho a impressão
de que o rebuliço da Terceira Onda está decantando em algo próximo das
características da Segunda Onda, quer dizer, cada autora ou autor encontrando o
seu espaço temático e programático individual, numa chave de diversidade de
abordagens e de influências. Nomes como Ana Cristina Rodrigues, Ana Lúcia
Merege, Ana Rüsche, Cirilo S. Lemos, Christopher Kastensmidt, Eduardo Kasse,
Enéias Tavares, Erik Novello, Fábio Kabral, Felipe Castilho, Giulia Moon,
Leonel Caldela, Luiz Bras e Tibor Moricz tem um trabalho com características
próprias, de abordagens definidas. A diferença – provavelmente mais de grau do
que num plano estrutural em relação às coisas da Segunda Onda – é que o campo
da literatura jovem representa uma força atratora particular com alguns elementos
dominantes com uma pressão uniformizante que contrasta um pouco com esse
quadro.
Uma de suas características sempre foi a
versatilidade temática, com bom trânsito entre a FC, seus subgêneros, ramos da
fantasia, e o horror. Exemplos temos em obras como Glória Sombria (FC
espacial), Selva Brasil (história alternativa), Terra Verde (FC
ambiental), A Corrida do Rinoceronte (fantasia contemporânea), Anjo
de Dor e Mistério de Deus (fantasia sombria). Como você explica tal virtude
na perspectiva de uma abordagem humanista e socialmente crítica presente nestas
e em outras de suas histórias?
Fico contente
que você enxergue a minha atividade assim. Como fã de ficção científica e
fantasia, eu entendo esse campo como muito amplo e múltiplo, e nunca fez muito
sentido pra mim assumir um único gênero ou tendência. O exemplo de Orson Scott
Card, que escreveu e escreve com sucesso FC, fantasia e horror também foi
importante pra mim, como um precedente de peso dessa atuação multifacetada.
A realidade
também é múltipla, então não existe uma perspectiva literária que sozinha dê
conta dela ou que a represente por inteiro – uma ilusão muito frequente do mainstream literário. Escrever em
gêneros e subgêneros diferentes me permite abordar as coisas de maneira
diferente e compor o meu próprio mosaico.
Caí na FC hard com o Universo GalAxis meio que por
acidente, já que a minha formação em exatas é mínima. Mas a gente vive há algum
tempo um bom momento da divulgação científica no Brasil, e a FC brasileira
precisa refletir isso. Mais ainda na conjuntura atual, em que a produção
científica e a contribuição da ciência para a política e para a informação dos
cidadãos está ameaçada por fundamentalismos ideológicos, religiosos e de
mercado.
Eu cresci durante
a ditadura militar, com a censura às artes e às ideias, e por isso costumo
dizer que tenho pouca paciência com conceitos como arte pela arte e hermetismo
literário. A liberdade de dizer coisas impõe a necessidade de dizer coisas – no meu caso, é a denúncia dos azares
da herança violenta da cultura brasileira, a desigualdade e a exploração do
semelhante, a ameaça ao meio ambiente, e o isolamento moral de quem tenta ser
correto em uma sociedade essencialmente corrupta.
Apesar de ter se consolidado como um autor
profissional, você nunca esteve longe do fandom tendo, inclusive, surgido nos
primórdios da Segunda Onda, no início dos anos 1980. Qual a importância do
fandom em sua carreira, e como analisa suas transformações nestes 30 anos?
Afinal em que sentido podemos afirmar que existe um fandom brasileiro de
FC&F neste século XXI?
Acho que estou
longe de ser um escritor estabelecido. Muita gente já ouviu falar de mim, mas
pouca gente me leu.
O fandom é muito
importante para mim. Me deu foco, motivação e base para entender a FC e a fantasia
de maneira mais aprofundada, e me apresentou amigos e relações que enriqueceram
a minha vida. As pessoas do meio, especialmente as que criticam o fandom, têm
dificuldade em reconhecer o quanto ele constitui um ambiente frutífero de troca
de ideias, uma institucionalidade informal necessária para a vitalidade de uma
literatura, quando a institucionalidade formal do mainstream não supre as nossas necessidades específicas.
Era assim lá por
1997, quando eu defendia o fandom e era acusado de ser o guardião dos portões
do gueto, e continua sendo assim hoje, em grande parte. De lá pra cá, nenhum de
nós, pró ou contra o fandom, foi aceito pelo mainstream literário, embora tenha havido uma forte aproximação
dele com todo o campo da ficção especulativa nacional. Daí, inclusive, a gente
acompanhar com atenção o empenho de Nelson de Oliveira (que é pró-fandom,
segundo eu entendo) em aproximar os dois campos – e como, inclusive, a sua
cruzada pela renovação do mainstream
pela FC acabou circunscrita ao universo das pequenas editoras. Por tudo isso,
também observo com interesse como o pessoal da Terceira Onda tem reagindo à
manifestação de Santiago Nazarian como porta-voz dos valores e da qualidade
seletiva, exclusiva e autoritária do mainstream.[1]
Fã histórico da série de FC alemã Perry
Rhodan, como ela incentivou e influenciou suas histórias? Nota-se, por
exemplo, elementos palpáveis dela em sua série As Lições do Matador.
Perry Rhodan é um fenômeno
editorial sem paralelo, e a mais vasta space
opera de todos os tempos. Para manter esse fôlego, eles usaram muitos temas
da FC, mesmo fora da space opera.
Desse modo, ler Perry Rhodan na
infância e adolescência foi como ter um curso intensivo sobre ficção
científica, de um modo despretensioso. Um resultado disso é uma postura
democrática, inclusiva e também despretensiosa, a respeito do gênero, que eu
acredito que assimilei.
Na minha ficção,
certamente herdei da série (e de outras influências) um componente idealista.
Além disso, nas Lições do Matador, a premissa da luta dos humanos contra
naves-robôs deve ter saído diretamente do primeiro e do segundo ciclo de Perry Rhodan, – eu até escrevi um ensaio
enorme sobre isso, conectando o tema com o uso de drones de ataque na atualidade: “Combatendo Robôs”. Também deriva
de Perry Rhodan a ideia da humanidade
como o sangue novo, o arrojo que pode fazer frente aos alienígenas que comandam
essas naves-robôs. Outra influência está na tendência em dividir a minha série
em ciclos — até aqui, desenvolvidos simultaneamente. Meu protagonista, Jonas
Peregrino, é, como Perry Rhodan, um líder não-ideológico que conquista a
confiança dos subordinados pelo exemplo e pela retidão. A grande diferença é
que Peregrino opera dentro de uma hierarquia, e nunca irá comandar a
humanidade. Ele tem um lado sombrio e melancólico que Rhodan não tem.
Há outras
inversões, quer dizer, estratégias que assumi até porque Perry Rhodan não responde a certas ansiedades literárias minhas.
Enquanto as novelas que compõem os episódios da série alemã têm texto
minimalista, eu gosto mais de textura, de densidade, daí apelar mais para o
texto superescrito. Acho que eu queria tanto mergulhar no mundo dessa série,
que o minimalismo da prosa não permitia, que acabei buscando o seu oposto.
Perry Rhodan tem um lado
conciliador que me agrada muito – raramente há um conflito bélico total ou até
a destruição do adversário. Civilizações derrotadas pela humanidade ressurgem
como povos amigos e aliados. Mesmo assim, as principais ameaças são quase
sempre alienígenas, e a união da humanidade se deu de maneira quase
descomplicada. No meu universo ficcional, aparte os tadais e suas naves-robôs,
os alienígenas em geral são amigos e mais avançados em termos éticos, enquanto
são as divisões humanas que trazem as maiores dificuldades.
Quando Perry Rhodan foi iniciada, na década de
1960, a série expressou uma ansiedade de união da Europa contra a divisão ideológica
do mundo entre Leste-Oeste e a sua ameaça de guerra nuclear. O nosso mundo
atual vê a União Europeia e outras áreas do mundo – o Brasil e a América Latina
entre elas – divididas de maneira ainda mais fragmentária, ideológica,
politicamente rasteira e com elevada desigualdade econômica.
Alguns observadores têm defendido que a FC
brasileira vive um bom momento. Você concorda? Se sim, seria em que sentido, em
termos editoriais, de qualidade das obras publicadas, de uma nova geração de
autores?
Em termos
editoriais, certamente. O volume de publicações e variedade de iniciativas –
editoras, coleções de livros e revistas eletrônicas – deixa os outros momentos
da história da FC no Brasil no chinelo, mesmo admitindo que a maioria absoluta
disso tudo seja estritamente semiprofissional. A diversidade de abordagens
também é algo a se aplaudir – do pulp
ao borderline, com a fusão do mainstream com a FC. Quanto à qualidade,
escritores como Cirilo S. Lemos, Enéias Tavares, Luiz Bras e alguns outros não
devem a autores dos outros momentos da nossa FC. Vale lembrar ainda que gente
da Segunda Onda ainda está em atividade: Braulio Tavares, Carlos Orsi, Fábio
Fernandes, Gerson Lodi-Ribeiro, Ivan Carlos Regina, Jorge Luiz Calife e Sid
Castro, por exemplo.
Há de se lamentar
algumas coisas, porém. A principal delas é a absoluta separação, tipo água e
óleo, entre o topo da publicação de ficção científica no Brasil – que está nas
editoras Aleph, Intrínseca, Morro Branco e Suma – e os autores brasileiros de
FC. Estes estão presos, na maioria absoluta, a espaços semiprofissionais e à
carência de investimentos editoriais e promocionais. É bem possível, inclusive,
que as brigas e divisões dentro do fandom respondam por esse divórcio,
assustando as editoras. De qualquer modo, é algo que elas precisam superar. A
cultura brasileira não pode ser só um entreposto de produtos importados, e a publicação
de FC também não.
De forma repetitiva, obras recentes da
nossa FC tem se aproveitado de tendências ou modismos como, por exemplo, steampunk,
new weird, new space opera, pós-humanismo, afrofuturismo
etc. O que você pensa disso, principalmente na perspectiva da busca e expressão
por uma FC mais brasileira, tema presente desde o fim dos anos 1980, mas ainda
pertinente para a especulação sobre os problemas e perspectivas do Brasil?
Acho que aí
temos algo um pouco problemático. Por conta de uma certa desaceleração e hiato
na publicação de FC que você, eu e mais gente da Segunda Onda testemunhamos no
fim da década de 1980 e durante a década de 1990, o pessoal da Terceira Onda se
engajou, no começo deste século, em um processo bem intenso de atualização das tendências da FC e da
fantasia. Esse é outro ponto positivo a se atribuir ao fandom, já que nada
disso foi inicialmente abraçado pelas grandes editoras, que subiram nesse bonde
bem mais tarde, e com traduções – como a Morro Branco e sua atualização da FC
feminista. Coube às pequenas editoras, associadas ao fandom, essa tarefa de
atualização, apelando em 90% aos autores nacionais. E alguns desses mesmos
editores reconheceram mais tarde que era tanto modismo, que a FC/F nacional
parecia a São Paulo Fashion Week (nas palavras de Marcelo Amado, da Editora
Estronho).
Como eu já
sugeri, esse processo acabou destilando tendências dominantes, especialmente o steampunk, que me parece mais apto a
absorver aspectos brasileiros do que outras tendências – a história do país,
sua geografia, cultura e suas figuras históricas. Obras como A Lição de Anatomia do Dr. Louison, de
Enéias Tavares, e E de Extermínio, de
Cirilo Lemos, são romances maduros que expressam o potencial da contribuição steampunk à FC brasileira.
É claro, no seu
pior, tal esforço de atualização expressa uma subordinação cultural em relação
ao que é produzido nos Estados Unidos e na Inglaterra. Isso também entra na
frente da reflexão sobre explorações brasileiras que seriam contribuições
originais ao gênero. Durante a Segunda Onda, nós testemunhamos a reação
negativa de muitos setores à proposta dessa reflexão, e a Terceira Onda começou
repetindo muitos dos argumentos contrários a ela, mas aos poucos foi se
dobrando ao steampunk, à fantasia
folclórica (a antologia do CLFC com a Editora Draco seria impensável junto às
antigas lideranças do clube) e, mais recentemente, à FC jovem distópica ou representativa
dos excluídos – como a gente vê, por exemplo, na edição especial sobre FC e
fantasia brasileiras da revista eletrônica Strange
Horizons. Me parece então que a questão levantada por Ivan Carlos Regina em
1988 – e por Walter Martins na década de 1960 – ainda está viva, mas de forma
difusa, faltando apenas mais discussões abertas a respeito. Mas os fóruns também
estão muito difusos hoje em dia, não é mesmo?
Daí a
importância, inclusive, do evento “Ficção Científica Brasileira: 60 Anos de
Manifestos”, organizado por Ana Rüsche, George Amaral e Elton Furlanetto em 1.º
de dezembro do ano passado – uma discussão que, em torno de manifestos que vêm
de 1958 ao presente, expressou a seriedade e senso de propósito que o gênero
pode assumir no Brasil, e as principais linhas de tensão sentidos por ele na
sua evolução e no seio do sistema literário do país. Uma discussão que vai
muito além de desempenho de mercado e imitação de tendências.
Uma outra vertente interessante presente na FCB nos últimos anos é uma nova geração de pesquisadores e estudos acadêmicos. Embora ela possa contribuir na busca pela superação de preconceitos – especialmente nas universidades – e já tenha produzido trabalhos renovadores, ela não carece, de uma forma geral, de uma cultura mais abrangente sobre a FC, que estaria mais presente na geração de leitores forjada no fandom?
Olha aí, mais
uma pergunta incisiva e crucial. Acho que aqueles acadêmicos que possuem essa
cultura se destacam, como Ramiro Giroldo, Ana Rüsche e Alfredo Suppia. Eles e
outros – aqueles voltados para o coletivo “literatura fantástica” ou
“fantasismo”, como Bruno Anselmi Matangrano e Enéias Tavares – estão forjando
mais pesquisadores com a mesma inclinação, eu suponho.
Dedicação
exclusiva à FC como tópico acadêmico é algo difícil, nem sei se existe em
centros mais dinâmicos como Estados Unidos e a Inglaterra. Todo mundo, eu acho,
faz o seu malabarismo com muitos assuntos e teorias literárias. Mas eu me
lembro daquela visita ao congresso da ABRALIC na USP em 1992, com um único
painel sobre literatura fantástica e ficção científica, envolvendo três
pesquisadores apenas (dois deles estrangeiros).
Quando a gente compara com o congresso do Insólito Ficcional que visitei,
graças ao Prof. Flavio García, ano passado na UERJ, com suas dezenas e dezenas
de comunicações e conferências, fica claro que houve uma transformação radical
na penetração desses assuntos no ambiente acadêmico brasileiro.
Acho que o uso
mais utilitário da FC no meio acadêmico seria o de mera ilustração de teorias
literárias e teorias da cultura, e tenho certeza de que isso acontece. Mas
mesmo daí podem surgir contribuições interessantes.
Acho que sua pergunta
traz embutida a questão de uma ausência de diálogo ou sinergia entre essa
produção intelectual e a produção artística de FC no país. Tirando Libby
Ginway, Ramiro Giroldo, Ana Rüsche e seu grupo, existem poucos acadêmicos com
disposição de interagir com autores e fãs. Nesse evento da UERJ, Flavio García
fez o gesto importantíssimo de incluir escritores/acadêmicos como
conferencistas, sugerindo essa ponte tão importante. Mas não sei se você
concorda, o fandom e os seus autores costumam ter um lado anti-intelectual,
avesso ao contato com a academia e suas discussões, preferindo falar de mercado
e tendências... Isso também está mudando, mas é preciso haver boa vontade para
o diálogo, de ambas as partes, para que essa sinergia possa ser mais forte e
produtiva.
O que vem pela frente? O que anda
escrevendo, quais seus próximos projetos?
Terminei há pouco “Anjos do Abismo”, o
terceiro romance das Lições do Matador. Já foi revisado, inclusive, por Carlos
Angelo, e aguarda o melhor momento de ser apresentado à editora. O Desire
Studio está trabalhando na revista em PDF Universo
GalAxis Anual 2019, para promover
o Universo GalAxis (do qual fazem parte As Lições do Matador e sua série-irmã,
Shiroma, Matadora Ciborgue). Você, inclusive, tem um texto na revista.
A iniciativa de Duda Falcão junto à
Editora AVEC, uma série de antologias originais chamada Multiverso Pulp,
aceitou há pouco meu conto “Garimpeiros”, que narra uma aventura de Jonas
Peregrino na Esquadra Colonial, ainda como tenente. Essa é uma nova frente para
As Lições do Matador, e há pouco terminei uma noveleta ambientada em Marte, com
uma aventura do cadete Peregrino ainda na academia militar. Além disso,
trabalho no primeiro romance de Shiroma, Matadora Ciborgue, com o título de
“Cerco em Ulaambaatar” – cuja primeira parte, “Phoenix Terra”, deve virar e-book pela Editora Mojuganide, do
Desire Studio, com uma linda ilustração de capa de Carlos Rocha. E também já
comecei o quarto romance das Lições do Matador, “Operação Nebulosa”, que deve
equilibrar a space opera militar da
série com uma space opera mais
exótica, tipo Jack Vance.
Luiz Bras, o organizador da coleção Futuro
Infinito, me pediu um livro de contos, e eu já entreguei “Brasa 2000 e Mais
Ficção Científica”, que sai no fim de 2019 ou em 2020. E a Plutão Livros de
André Caniato se prepara para trazer de volta minha noveleta “Patrulha para o
Desconhecido” como e-book – ela foi
uma das três histórias classificadas no primeiro concurso nacional de contos de
FC, o Prêmio Jeronymo Monteiro da Isaac
Asimov Magazine, onde apareceu pela primeira vez em 1991, como você deve se
lembrar.
Enfim, eu ainda trabalho no projeto
literário do Desire, o romance multivolume “Archin”, uma criação de Taira Yuji,
o fundador do estúdio.
[1] Causo se refere ao artigo “A dura
realidade da ficção fantástica”, de Santiago Nazarian, publicado na Folha de
S. Paulo, suplemento “Ilustríssima”, em 29 de setembro de 2019, e a réplica
“Ficção fantástica decola e ganha altura”, de Samir Machado de Machado, no
mesmo jornal e suplemento, em 6 de outubro de 2019.
Entrevista muito boa, que impressiona! Conhecendo um pouco mais os 30 anos de Causo dedicados a interesses multiartísticos e que não se esgotam na própria arte.
ResponderExcluirAgradeço muito a sua iniciativa de me entrevistar, Marcello. Foram perguntas difíceis de responder, mas que levaram a reflexões interessantes. Espero que seus leitores gostem.
ResponderExcluirMuito boa a entrevista Marcello e Roberto! É muito estimulante conhecer os temas do passados e do presente, e me ver, aos poucos, conseguindo fazer sentido a respeito da FC nacional, que ainda conheço pouco mas que tenho procurado ler cada vez mais.
ResponderExcluirRealmente Marcelo, como você coloca, o Roberto reúne muitos conhecimentos e experiências para compartilhar devido a sua atuação longa e multifacetada.
Gostei demais! Obrigado!